A cobrança de 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre a tomada de empréstimos internacionais por bancos e empresas com prazos inferiores a 360 dias foi tomada para conter os ingressos de recursos no País, que aumentaram 140% nessa modalidade no primeiro trimestre deste ano. A informação foi dada nesta terça pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, até o dia 25 de março, essas operações já totalizavam US$ 26,6 bilhões.
Mantega avaliou que o forte movimento de tomada de recursos no exterior tem ocorrido porque as taxas de juros cobradas lá fora são bastante inferiores às praticadas no Brasil. “A nossa preocupação é com a arbitragem que tem sido feita com esses recursos, ou seja, os tomadores pegam empréstimos com juros baratos fora do País e aplicam aqui dentro, ganhando com essa diferença”, acrescentou.
O ministro garantiu que a medida não vai prejudicar empresas que estão tomando recursos no exterior a médio e longo prazos para investimentos. “Essas não vão especular. Agora, aquelas que estão fazendo empréstimos em curto prazo não estão fazendo investimento”, completou.
Outra razão para a medida, considerada prudencial pelo ministro, será atenuar o endividamento das empresas brasileiras e dos bancos no exterior. Segundo Mantega, o aumento da exposição nessas operações é arriscado. “As condições atualmente são atraentes, mas os juros lá fora vão subir também. Além disso, se houver desvalorização do real, as empresas terão que pagar mais, a conta ficará salgada”, alertou.
Uma terceira razão, destacou Mantega, se deve ao fato de parte dos recursos ser destinada ao mercado de crédito no Brasil. “Nesse momento estamos restringindo o crédito para reduzir a atividade econômica e conter a inflação”, afirmou. O ministro disse que o crédito deu uma desacelerada no primeiro trimestre deste ano, com uma expansão menor que a verificada no mesmo período de 2010. “O ideal seria uma expansão entre 12% e 15% - e não entre 20% e 22%. Portanto, o governo continuará tomando medidas para que crédito fique no patamar ideal”, concluiu.