O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, avaliou hoje que a revolta de operários da usina hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, ocorreu no momento em que o consórcio construtor tentava antecipar a entrega da obra. Em entrevista no Planalto, Carvalho disse que é preciso reduzir o grau de "tensão" nos empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "De fato, em Jirau, a decisão da empresa de antecipar a entrega da obra provocou uma maior concentração de trabalhadores", disse. "Eu fiz a ponderação de que se era o caso de rever o contingente de trabalhadores para diminuir a tensão."
Na entrevista desta terça, Carvalho informou que o governo fará um trabalho preventivo para evitar violações a direitos trabalhistas e danos a moradores nas obras da usina de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Ao relatar o encontro que teve com empresários e sindicalistas para discutir a revolta no canteiro da usina de Jirau, na semana passada, ele informou ainda que o governo pretende montar comissões tripartites em todas as grandes obras do PAC. "Vamos tentar nos antecipar na questão de Belo Monte, para que o Estado dê condições de segurança e saúde em Altamira", afirmou.
Carvalho disse que o governo não compactuará com trabalho indecente e desumano nas obras de infraestrutura. Ele observou que, na primeira fase, o PAC iniciou 14 mil obras. Agora, a previsão é que esse número seja aumentado. O ministro defendeu um acordo entre governo, sindicalistas e construtoras para evitar violações a direitos de trabalhadores da construção civil no mesmo modelo adotado com os setores da cana-de-açúcar, em 2009, e da laranja, em 1995. Ele disse que não pode continuar, nas grandes obras, uma relação de "perde-perde", em que todos têm prejuízos.