Indústrias mineiras do setor de aeronáutica e a UFMG firmaram nesta sexta-feira os primeiros acordos de cooperação no estado para transferência da tecnologia embarcada no avião de caça francês Rafale, que disputa a concorrência para a compra de 36 modelos pela Força Aérea Brasileira (FAB). Além do consórcio Rafale Interational, formado pelas companhias Dassault Aviation, Thales e Snecma, brigam na escolha, que já foi adiada pela presidente Dilma Rousseff para o fim deste ano, os modelos sueco Gripen, e o americano F-18. A Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) também firmou convênio com a Dassault prevendo parceira estratégia se o governo brasileiro escolher o Rafale.
O diretor da Dassault no Brasil, Jean-Marc Merialdo, enfatizou durante encontro com empresários, pesquisadores e profissionais do setor promovido na sede da Fiemg que o governo francês autorizou a transferência de 100% da tecnologia à indústria brasileira. A decisão inclui o desenvolvimento no Brasil de futuras adaptações que for necessárias no caça francês. “Nós esperamos, agora, um sinal do governo brasileiro para ver a retomada do processo de compra dos caças. Estamos trabalhando para sair na frente; viemos para ganhar”, disse o executivo.
Com a definição de cortes no orçamento da União, a aquisição dos caças ficou para o ano que vem. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, informou recentemente que o corte de R$ 4,1 bilhões nos gastos previstos da pasta não vão atingir a compra dos aviões. Os representantes do Consórcio Rafale programam outros encontros como o de ontem em Belo Horizonte no Rio de Janeiro e em São Paulo, como parte da estratégia de garantir compensações ao Brasil se o caça for o escolhido.
A francesa Snecma firmou acordo de cooperação com a mineira IAS – Indústria de Aviação e Serviços para transferência de tecnologia de manutenção dos motores do caça Rafale. Segundo o diretor-geral da IAS, Ronaldo Aldrin, a empresa tem concentrado a sua atuação na área de defesa desde 2007, quando começou a oferecer serviços de manutenção de motores de aeronaves, e acabou se tornando uma das principais fornecedoras do ramo no Brasil.
A Dassault fechou parceria com o Centro de Inovações CSEM Brasil, criado em 2007, para pesquisa e desenvolvimento na área de nanotecnologia. O CSEM desenvolveu um tipo de cerâmica para encapsulamento de dispositivos eletrônicos que já está sendo implantado na indústria automotiva e na agricultura. O novo convênio, de acordo com o presidente da empresa, Tiago Maranhão Alves, permitir atender ao setor de aeronáutica. O acordo firmado entre a Dassault e a UFMG prevê cooperação em educação e pesquisa na área aeronáutica. O subsecretário de Assuntos Estratégicos de Minas Gerais, Luiz Antonio Athayde, afirmou que a possibilidade de negócios efetivos entre as empresas francesas e brasileiras fortalece os planos para transformar o estado o segundo polo da indústria brasileira de aeronáutica e defesa.