Um petroleiro aportou nesta terça-feira no leste da Líbia para fazer o primeiro carregamento de petróleo da rebelião líbia desde a interrupção total das exportações do país, o que permitirá financiar a insurreição contra o coronel Muamar Kadhafi.
O navio-tanque entrou no terminal petroleiro próximo a Tobruk, a 130 quilômetros da fronteira egípcia, nesta terça-feira à tarde, segundo um jornalista da AFP no local.
"Podemos confirmar que oe navio chegou a seu destino", um terminal petroleiro próximo a Tobruk, havia indicado anteriormente à AFP Michelle Bockmann, especialista em mercados da Lloyd's List Intelligence, uma revista com sede em Londres. "O navio deverá ser carregado no dia 6 de abril (quarta-feira)", segundo a publicação.
É a primeira vez que os rebeldes líbios, que controlam vários portos do leste, realizam uma operação deste tipo, desde a entrada da coalizão internacional no conflito em meados de março e a suspensão total das exportações de petróleo do país, de acordo com a Lloyd's List.
A União Europeia informou nesta terça-feira que não fazia objeção à compra de petróleo líbio, contanto que os recursos provenientes dessa transação não beneficiem o regime de Kadhafi.
"Dois carregamentos de petróleo" já tinham sido efetuados em Tobruk, entre 28 de fevereiro e meados de março, afirmou à AFP Fethi Faraj, chefe do Comitê de Insurgentes, que administra esta cidade portuária.
Grandes campos de petróleo líbios estão situados no leste do país, controlado pela rebelião. A insurgência tenta exportar o "ouro negro" para abastecer seus cofres, mas não há detalhes sobre as transações.
"É uma questão de segurança nacional, de dizer ao inimigo o que temos e o que não temos... Então, preferimos não comentar essas informações", disse à AFP Mustapha Gheriani, um porta-voz do Conselho Nacional de Transição (CNT), organização formada pela rebelião.
"Se Kadhafi tenta bombardear os campos petrolíferos, é porque se trata de uma questão de segurança nacional", acrescentou, durante uma entrevista concedida em Benghazi, segunda maior cidade da Líbia e bastião de insurgentes.
Se o navio que chegou a Tobruk conseguir o carregamento como o previsto, "isso enviará um forte sinal ao mercado" sobre a retomada das exportações de petróleo líbio, considerou Michelle Bockmann.
A normalização poderá, entretanto, levar algum tempo. "É um comércio ainda muito arriscado. Imagino que o proprietário do navio pagou um preço considerável para enviar seu navio para lá", disse o analista.
Os campos situados nas regiões da Líbia nas mãos dos insurgentes produzem de 100.000 a 130.000 barris por dia, declarou em 27 de março Ali Tarhoni, porta-voz da insurreição encarregado de questões econômicas.