As recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI) para lidar com a desvalorização do dólar são ineficazes, disse nesta quarta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Para ele, as sugestões do órgão internacional quebrariam o país.
“Se fizermos o que está relatado ali, o país quebra primeiro e depois toma medida de controle de capitais”, disse o ministro. “Não vejo essas medidas como oportunas.” Ontem, o FMI divulgou relatório que recomenda a adoção de medidas de controle sobre o ingresso de capital somente após a redução dos juros e o aperto fiscal.
Sobre a possibilidade de o aumento dos juros básicos pelo Banco Central neutralizar o impacto da medida anunciada hoje, Mantega disse que a taxação está conseguindo reduzir a rentabilidade dos recursos que entram no país para especulação financeira. “Quando se taxa em 6% uma operação que rendia 11,75% [valor atual da taxa Selic], a aplicação rende apenas metade.”
O ministro afirmou que os juros estão elevados, mas por causa da inflação. “Nós olhamos para o câmbio, mas o Banco Central tem de olhar para a inflação, não para a cotação do dólar. A Fazenda não trabalha com previsão para a taxa de juros.”
Mantega negou que a ampliação de um ano para dois anos do prazo dos empréstimos externos taxados com 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciada hoje, afete as operações de proteção cambial para exportadores, que têm prazo menor que dois anos. “Basta os bancos fazerem hedge [proteção] com prazo acima de dois anos. Hoje é perfeitamente factível tomar crédito de longo prazo no exterior.”
Ele afirmou que o governo não pretende tributar os investimentos estrangeiros diretos – investimentos externos que geram empregos. Ele também negou que o Fundo Soberano, que tem cerca de R$ 20 bilhões aplicados, possa ser usado para comprar dólares no mercado futuro. “O Fundo Soberano não foi preparado para operar no mercado de derivativos. O Banco Central está cumprindo esse papel”, ressaltou.