A presidente Dilma Rousseff chega nesta segunda-feira a Pequim para a reunião do Bric, grupo que reúne os emergentes Brasil, Rússia, China e Índia e que passa a incluir também a África do Sul.
Mas, apesar do potencial crescente da nova entidade, os anfitriões já são muito maiores do que qualquer outro "Bric", vêm aumentando sua influência ao redor
Os indicadores econômicos são impressionantes. A China é hoje o país do mundo que mais exporta (após ultrapassar a Alemanha) e é o segundo que mais importa (ainda atrás dos Estados Unidos). Tem o maior superávit comercial e de conta corrente do mundo e detém um terço das reservas globais em moeda estrangeira (US$ 2,85 trilhões até o fim de 2010).
Tornou-se o principal parceiro comercial não apenas do Brasil, em 2009, como também de uma série de países e tem investimentos crescentes em mais de 80 nações que chegaram a US$ 59 bilhões em 2010.
O poder econômico do “Império do Meio” se tornou incontestável nos últimos anos, e as projeções são quase unânimes em apontar uma mudança do eixo econômico mundial para a Ásia, resultado do chamado “efeito China”.
Com a mudança histórica, cresce a expectativa de que o país vá também exercer um papel de liderança além da esfera econômica. Em busca de sinais sobre que tipo de liderança será essa, as ações de Pequim são observadas com lupa, e uma nova postura chinesa, constantemente classificada de assertiva, tem preocupado alguns setores em diversos países.
Para o diretor do Centro de Pesquisas Econômicas da Universidade de Pequim, Yang Yao, a ascensão da China já foi bem vinda no Ocidente. Desde a crise financeira global, no entanto, o país passou a ser visto como uma nação em busca de dominação.
“A chamada assertividade da China é resultado do poder econômico e não de uma mudança estratégica que vá desafiar a ordem mundial”, disse ele à BBC Brasil.
Novo modelo
Apesar de não parecer haver uma estratégia clara sobre a liderança a ser assumida pela China, esse papel será uma consequência natural para o país nos próximos anos, segundo Eric Vanden Busche, sinólogo e pesquisador da Universidade de Taiwan. A China, entretanto, não vai seguir o mesmo modelo adotado pelos Estados Unidos.
“A China vai introduzir um novo modelo de ser potência. Você não vai ver uma China tentando controlar o mundo. Um dos princípios que regem a diplomacia chinesa é o da não-interferência. Mas veremos uma potência que lutará para se infiltrar economicamente principalmente em países fornecedores de matérias-primas”, disse à BBC Brasil o sinólogo formado pela Universidade de São Paulo (USP).