Aumenta demanda por cursos profissionais sobre café em Belo Horizonte

Os mineiros apaixonados por café entraram em um novo patamar de graduação. Os que passaram a apreciar as variedades especiais e querem saber mais sobre os sabores, com notas que vão da avelã ao chocolate, encontrados dentro de uma única xícara não se contentam mais apenas com a degustação e deram espaço a um novo tipo de negócio: o dos cursos. Como a demanda pelo conhecimento cresce na medida em que aumenta o interesse pela bebida, empresários foram motivados a criar a Academia do Café, que abre suas portas hoje em Belo Horizonte.

Com investimentos da ordem de R$ 250 mil, Bruno de Oliveira Sidney de Souza e sua mulher, Débora Simões Fortini Sidney de Souza, desenvolveram um local com sala de aula, para teoria, e espaço com todo maquinário para ensinar os interessados em saber mais sobre o café. “Havia uma carência por um laboratório que também fosse uma escola e tem demanda nacional”, garante Bruno, que também é sócio da Beccor, empresa especializada em vender cafés especiais mineiros para o mercado americano. Ele espera atender, no mínimo, 150 alunos por ano, em cursos, que saem a partir de R$ 800 por módulo, e workshops, que vão custar, em média, R$ 350.

Além de levar conhecimento aos apreciadores da bebida, a expectativa de Bruno Sidney de Souza é formar profissionais relacionados ao mundo do café, como baristas ou mestres torradores. O primeiro curso, dividido entre dois módulos, tem como tema a avaliação sensorial da bebida. Já o workshop de estreia vai trabalhar com os métodos de preparo. No local, também vai haver espaço para um pequeno coffee shop, com venda de xícaras de expresso, entre outros.

Até então, havia em Belo Horizonte cursos isolados sobre o café. A proprietária do Lucca Cafés Especiais, Georgia Franco de Souza, que também é barista e mestre torradora, já foi convidada a ministrar algumas aulas na cidade, na Enoteca Decanter. “Foram esporádicas”, conta, observando que Minas, apesar de ser o maior e melhor estado produtor de café, ainda estava atrasada na divulgação do conhecimento sobre a bebida. Ela explica que os cursos podem atender a dois tipos de clientes, aqueles que querem apenas saber mais para degustar o café e os que querem ser profissionais do setor. “Tem mercado para essas duas áreas, com certeza”, garante.

Em Curitiba, onde tem sua empresa, Georgia Franco, conta que os cursos são frequentes. Os interessados pagam a partir de R$ 390 para módulos de dois dias. Normalmente, as turmas são formadas com quatro alunos. A especialista explica que nos cursos os alunos têm oportunidade de provar e saber distinguir os cafés especiais, que têm a saca cotada bem acima da média do mercado.

Bruno Sidney de Souza diz que nos cursos da Academia vão oferecer grãos de sacas de 60 quilos diferenciadas de cafés do Cerrado e do Sul de Minas. Pela maioria, ele desembolsou de R$ 700 a R$ 1,2 mil. No entanto, em seu portfólio há exemplares de R$ 4 mil a R$ 8,1 mil, que foi o segundo maior valor já pago por uma saca de café no país. O grão foi o campeão da categoria cereja descascado do 7º Concurso de Cafés Especiais de Minas Gerais. A saca única foi arrematada em consórcio, por Bruno, pelo Café Kahlúa e a Carmo Coffees, em novembro. “Temos pouco dele. Será para ocasiões especiais”, afirma.

Ruimar de Oliveira Júnior, proprietário do Kahlúa, conta que já ministraram alguns cursos na cafeteria. “Existe público para uma academia. Além de formar a mão de obra que precisamos, também haverá espaço para o treinamento dos clientes que até então, na maioria das vezes, aprendiam apenas durante o consumo.”