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Estado de Minas

Desvio ocupacional é problema para mercado de trabalho


postado em 10/04/2011 10:39

Outro empecilho para alguns mercados está não só na formação de profissionais, como sua manutenção na área de origem. Em 2009, apenas 38% dos engenheiros ocupavam funções relacionadas com a graduação. O desvio ocupacional atinge seis em cada 10 engenheiros. Há milhares deles atuando como analistas financeiros, gestores, analistas empresariais. Costumam ser demandados nessas funções pelo fato de o mercado entender que eles dispõem, em geral, de boa capacidade de abstração e sólida formação matemática.

Em 2020, a previsão é que esse número aumente para 45%. É possível que, em alguns setores, como construção civil, mineração, petróleo e gás, haja um gargalo na oferta de profissionais caso a economia cresça em níveis muito altos.

Estudos feitos pelo Senai apontam que da mão de obra necessária nos próximos três anos, 52% será de técnicos com formação mais básica, 26% de técnicos com mais de 200 horas de qualificação, 19% de profissionais com formação técnica de nível médio e 3% de pessoas com ensino superior. Para atender a demanda do mercado, o Brasil terá que preparar 59,6 mil pessoas por ano até 2014, nos mais diversos segmentos da indústria. Segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), só os cursos de tecnologia da informação apresentarão, entre 2011 e 2014, uma demanda anual de 8 mil profissionais no mercado.

Na avaliação do diretor do Grupo Selpe Recursos Humanos, Hegel Botinha, a curto prazo, o aumento de salários, a retenção dos profissionais em vias de se aposentar, o retorno dos já aposentados para reduzir o problema da falta de experiência, repatriamento de profissionais no exterior, a capacitação e o treinamento são medidas a serem adotadas. Já para as medidas de longo prazo, o destaque foi para o investimento em educação, com políticas de ampliação da oferta no sistema educacional e a garantia de formação básica com qualidade, a fim de aumentar o numero de jovens aptos para o ensino superior e o mercado de trabalho.

Segundo o executivo, cursos técnicos e cursos de curta duração para capacitação e qualificação estão em alta no mercado e acrescentam muito no currículo, uma vez que o mercado seleciona pela qualificação. “Os profissionais devem estar sempre buscando uma atualização na área em que atuam”, sugere.

PONTO A PONTO

No mercado da moda, por exemplo, existem diversas oportunidades devido à escassez de costureiras qualificadas. Atualmente, é comum que confecções dependam de empresas terceirizadas e faccionistas para a realização de parte do processo produtivo. Porém, nem sempre as exigências em relação à qualidade do serviço e à garantia do prazo de entrega são correspondidas.

A Brasil em Gotas também oferece treinamento para costureiras novatas no mercado. “Fazemos anúncios constantes em jornal e pedimos indicações das alunas destaque nas escolas profissionalizantes. Propomos aplicação de teste e, se aprovadas, elas são submetidas a um treinamento de duas semanas, durante as quais avaliamos habilidade e boa vontade das candidatas. A contratação é imediata e a remuneração aumenta de acordo com a evolução e a capacitação profissional”, ressalta Elaine Chaves, diretora da grife.

Inicialmente, elas recebem um salário de R$ 615, mais plano de saúde e outros benefícios. Os recebimentos progridem de acordo com a evolução da pessoa. “Nossa expectativa é que ela esteja apta para a costura em seis meses. Daí o salário pode chegar a R$ 1,2 mil. E a funcionária ganha percentuais sobre o salário pela assiduidade (7% ), triênio (5%), pontualidade (até 7%). Tudo isso vai elevando o ordenado. E à medida que vai ganhando experiência, recebe promoções”, explica Elaine. A empresa não tem restrição à idade.

DISPONIBILIDADE

A falta de capacitação também é grande no setor de alimentação. Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), garçons e cozinheiros respondem, juntos, por 70% da falta de mão de obra no setor de alimentação fora do lar. A escassez também se espalha principalmente nos cargos de auxiliar de cozinha, copeiros, caixas e serviços gerais.

A dificuldade em encontrar profissionais com experiência fez com que a churrascaria Baby Beef optasse por capacitar internamente profissionais inexperientes na função. “O novo funcionário aprende sobre postura e ética, relacionamento com o cliente, manuseio de pratos, corte de carnes. E começa em funções mais fáceis. Para trabalhar aqui, experiência não é fundamental. Basta ter disponibilidade e vontade de aprender”, comenta Eduardo Borba, diretor da casa em BH.

Desde o início do ano, a Cervejaria Devassa realiza um programa mensal de excelência em atendimento no qual os empregados aprendem desde a história e abrangência da marca até regras de segurança alimentar. “Acreditamos que quando o profissional conhece melhor a empresa, se sente mais pertencente a ela, diminuindo a rotatividade, muito comum nesse meio”, diz a gerente, Marcelle Santana.

Recorde de emprego

De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 2010, o emprego formal bateu recorde e atingiu 2,5 milhões de vagas. A escassez de mão de obra qualificada levou as empresas a reduzirem o grau de exigência nas contratações e foram admitidos trabalhadores com menor nível de escolaridade. Até quem não sabe ler e escrever conseguiu emprego formal, segundo um estudo da MCM Consultores, feito com base nos dados do Caged.

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