Pulverizada em pequenas propriedades rurais, a produção da pimenta enfrenta grandes desafios na comercialização. “Hoje não existe uma cadeia de produção desta hortaliça. Ainda há pouco material genético e não há defensivos específicos”, pondera o técnico da Emater em Monte Carmelo Rodrigo Cruz Martins. “Sem contar que temos que estabelecer épocas específicas de produção para que seja realizada de forma sincronizada, o que ainda não acontece”, acrescenta. A falta de padronização do produto é uma das principais reivindicações da indústria.
“Temos que ter cuidados para selecionar fornecedores. Avaliamos a produção e os produtores vão criando critérios próprios que são validados por nós”, conta o vice-presidente de vendas e marketing da Vilma Alimentos, Cezar Tavares. A empresa conta atualmente com o fornecimento regular de 20 produtores, tendo mais de 50 cadastrados. No total, são produzidas mais de 10 toneladas ao mês de pimentas de oito variedades. “Quem trabalha a técnica na colheita e armazenagem do produto consegue ter um padrão”, observa Tavares.
O presidente da Associação dos Produtores de Pimenta de Monte Carmelo e Região, Hélvio Xavier de Resende, reconhece a necessidade da padronização para melhorar as condições de negociação do produto. “A dificuldade começa pela muda, já que não conseguimos sementes certificadas. Com isso, os tamanhos e colorações variam muito. Isso diminui o padrão e a qualidade para comercialização”, explica.
Atendendo à demanda dos produtores, o Centro Nacional de Pesquisa com Hortaliça (CNPH) da Embrapa vem lançando uma série de variedades em distintos segmentos. As cultivares detêm alta uniformidade e alto rendimento, além de resistência a pragas, o que reduz a necessidade de aplicação de defensivos agrícolas. “Entre as mais recentes disponibilizadas para o mercado, estão a pimenta-de-bode vermelha BRS Seriema, a biquinho Moema e a dedo-de-moça Mari”, enumera o coordenador do programa de melhoramento de Capsicum, o pesquisador da Embrapa Hortaliças Francisco Reifschneider.
Novas cultivares já estão a caminho. A próxima da lista é a malagueta, a variedade que detém o maior volume de produção do país. “Temos uma
Plantio delicado
Para iniciar o plantio, devem-se levar em consideração algumas características exigidas pela planta. “O clima tem que ser quente e o solo deve ser areno-argiloso, não cultivado anteriormente com solanáceas (tomate, batata, pimentão, jiló, berinjela) e cucurbitáceas (abóboras e morangas), que são plantas sujeitas às mesmas doenças que incidem na pimenta”, explica a pesquisadora da Embrapa/Epamig Cleide Maria Ferreira Pinto. Também é preciso considerar as necessidades de infraestrutura para a produção de mudas. “Deve-se tentar adquirir sementes idôneas e dispor de estrutura como casa de vegetação e estufa”, observa Cleide.
Segundo a pesquisadora, a estimativa de custo de produção para cada hectare de pimenta-malagueta gira em torno de R$ 3,8 mil, sem contar as despesas com a colheita. “Geralmente essa etapa não é contabilizada pelo produtor, já que a mão de obra é familiar. Mas, se fosse remunerada, o custo seria em torno de 40% a 50% da receita obtida”, explica Cleide. Os empecilhos envolvem o controle de pragas e doenças. “Há carência de assistência técnica em todo o sistema de produção, principalmente com relação ao reconhecimento e controle de deficiência nutricional, de pragas e de doenças”, afirma Cleide.