O volume em dólares da produção industrial chinesa em 2010 já é o maior do mundo, segundo levantamento da consultoria IHS Global Insight. Segundo o levantamento, as fábricas chinesas assumiram o primeiro lugar em uma área que estava sob liderança dos EUA por 110 anos.
A consultoria destaca que houve uma forte recuperação nos Estados Unidos em 2010, mas o crescimento acelerado na China e a valorização do yuan contra o
“Enquanto a indústria americana e de boa parte do mundo passaram por uma contração, principalmente em 2008, a da China continuou se expandindo. O setor industrial cresceu 18% (valor nominal, sem ser descontada a inflação) em dólares em 2010. Além disso, a valorização do yuan frente ao dólar impulsionou o valor da produção chinesa medido em moeda americana”, escreveram os autores do estudo.
Apesar da produção chinesa ter ultrapassado um marco histórico, a produtividade continua deixando a desejar. Para produzir um valor levemente superior ao verificado nos Estados Unidos, a China precisou de um número muito maior de trabalhadores.
Segundo os números apresentados pela IHS Global Insight, 11,5 milhões de trabalhadores do setor industrial americano produziram um pouco menos do que 100 milhões de trabalhadores chineses do setor.
Peso da indústria
A economia americana como um todo ainda é cerca de três vezes maior do que a da China, uma liderança que deve perdurar até o fim desta década. Pela maioria das projeções, a virada ocorreria entre 2020 e 2025.
A diferença é o peso do setor industrial. Esse peso é maior na China do que em qualquer outra grande economia, segundo a Global Insight. No país, as indústrias representam 33% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos Estados Unidos, o peso da indústria é menor, de 13% do total do PIB.
“Por outro lado, o setor de serviços na China representa uma parcela pequena do PIB quando comparada com outros países, o que frequentemente pode ser uma fonte de fragilidade econômica”, diz o estudo.
Além de uma produtividade inferior, a indústria chinesa ainda tem um perfil predominante de mais baixo valor agregado. Por outro lado, os Estados Unidos têm uma parcela maior de indústrias que empregam tecnologias mais avançadas.
Mudança de perfil
A China, no entanto, tenta mudar o quadro com investimentos pesados e políticas governamentais que tentam atrair investimentos nestas áreas de maior valor agregado. Recentemente, o governo anunciou novas regras abrindo para investimentos estrangeiros setores de alta tecnologia, energia limpa, aeroespacial e de aviação.
As medidas seguem as metas traçadas no 12º Plano Quinquenal, que cobre o período de 2011 a 2015, de priorizar políticas e investimentos que incentivem a inovação e alta tecnologia. A área de Zhongguancun, em Pequim, é umas das vitrines desta China que o governo quer criar.
Conhecida como o “Vale do Silício” chinês, tem uma grande concentração de empresas de alta tecnologia estrangeiras e também nacionais. Segundo um relatório do HSBC intitulado “Por Dentro do Motor do Crescimento”, 23 empresas locais de alta tecnologia e internet abriram capital em 2009, contra apenas uma no original pólo na Califórnia. Outras 35 abriram capital em 2010 (dados preliminares).