O tradicional pão de queijo mineiro, uma das iguarias mais famosas da culinária do estado, está assando no bolso do consumidor de Belo Horizonte. Para ter ideia, enquanto a inflação geral na capital subiu 6,49% nos últimos 12 meses, segundo dados de março do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da Fundação Ipead da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o preço da iguaria chegou a aumentar 17,5% em padarias e lanchonetes da cidade, no mesmo período. O pão de queijo congelado, fabricado por grandes empresas, também superou a inflação: pesquisa do site Mercado Mineiro mostra que o valor médio do pacote de 400 gramas da Sadia avançou 11,1%, e o do Pif Paf , 7,7%.
O Ipead não incluiu o polvilho no levantamento, mas, segundo produtores de Conceição dos Ouros, que fica no Norte de Minas e é conhecida como a capital brasileira do polvilho, o preço do derivado da mandioca subiu cerca de 20% em 12 meses. “O saco de 25 quilos passou de R$ 45 para R$ 55. O aumento ocorreu em razão da queda na produção de mandioca. É a lei da oferta e da procura”, diz Dirceu Faria de Carvalho, sócio de uma fábrica da cidade. Já as altas no litro do leite e no quilo do sal foram de 4,86% e 3,36%, respectivamente, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O pão de queijo quentinho feito na casa de Graciela Boschetti, de 39 anos, está saindo mais caro: “Assustei com o preço do leite, mas não há outro jeito, pois gosto de fazer (a iguaria) em casa”, diz. A promotora de vendas Heloísa Cifuentes lamentou os reajustes. Só que ela não deixa de preparar o pão de queijo em casa. “Os produtos encareceram muito no último ano. É um hobby, não deixo de fazer.” E a previsão não é de boas notícias: há possibilidade de mais aumento nas próximas semanas. “O preço do leite deve subir a partir de agora, pois é o período de seca”, acredita o diretor-executivo do site MercadoMineiro, Feliciano Abreu.
Em escalada
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a evolução dos gastos das famílias com renda de um a 40 salários mínimos, subiu 0,69% na segunda quadrissemana de abril. Já o Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR), referente às famílias com renda de um a 6 salários mínimos, apresentou variação positiva de 0,77%. Os resultados, obtidos pela Fundação IPEAD/UFMG, comparam os preços médios praticados em Belo Horizonte entre 16 de março e o último dia 15 com os valores apurados entre 16 de fevereiro a 15 de março de 2011.