Em um de seus primeiros pronunciamentos a uma plateia internacional, a presidente Dilma Rousseff criticou ontem, durante o Fórum Boao, na China, que reúne empresários e representantes de governos da Ásia, o aumento da liquidez mundial em razão das políticas monetárias dos países desenvolvidos. Dilma destacou os efeitos sobre a inflação e a moeda de várias economias, sobretudo entre os países exportadores de commodities. O Brasil está entre os que enfrentam hoje forte apreciação cambial, o que reduz sua competitividade internacional.
A presidente ressaltou a assimetria na velocidade de recuperação de países avançados e em desenvolvimento e disse que o lento crescimento nos países ricos dificulta a redução do déficit fiscal e da dívida pública nesses países. Inflação e desequilíbrio fiscal devem ser combatidos com políticas “restritivas”, já que esses elementos podem ameaçar a recuperação da economia mundial, declarou Dilma. “Gostaria de enfatizar que nós somos favoráveis ao controle da inflação e à estabilidade fiscal.”
No momento em que a China tenta aumentar sua demanda doméstica, Dilma afirmou que o aumento da renda permitiu a criação de um mercado consumidor de massa no Brasil, que foi capaz de sustentar o crescimento da economia. “A democratização do crédito, a elevação da renda do trabalho, as transferências de renda, a universalização dos serviços e o investimento em infraestrutura retiraram 36 milhões da pobreza em um país de 190 milhões e expandiu a classe média brasileira”, ressaltou.
A presidente falou também das oportunidades de investimentos geradas pela Copa de 2014, a Olimpíada de 2016 e a descoberta dos campos do pré-sal - que, segundo ela, vão gerar demandas que representam mais de 25% do total mundial de investimentos na cadeia de gás e petróleo em alto mar. O presidente da China, Hu Jintao, ressaltou que o processo de internacionalização das empresas chinesas vai se intensificar e que elas buscam ampliar investimentos na Ásia e em outros mercados.