A curta semana começou mal para a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O índice perdeu os 66 mil pontos e chegou perto de recuar abaixo dos 65 mil, seguindo a aversão ao risco do exterior. As bolsas internacionais reagiram em baixa ao anúncio da Standard & Poor's (S&P) de rebaixar a perspectiva do rating (classificação de risco) soberano dos Estados Unidos para negativa. Petrobras, Vale e siderúrgicas tiveram perdas expressivas, mas foi OGX ON que se destacou, ao despencar 17,25%.
A OGX, petroleira do grupo de Eike Batista, perdeu hoje R$ 10,9 bilhões de seu valor de mercado por causa da frustração de expectativas em relação à revisão de seu portfólio. Na última sexta-feira, com base em auditoria da consultoria DeGolyer & MacNaughton (D&M), a companhia havia revisado o potencial de suas reservas de 6,8 bilhões para 10,8 bilhões de barris de óleo equivalente, aumento de 58,8%.
O Ibovespa terminou a sessão em queda de 1,90%, aos 65.415,49 pontos, menor nível desde 10 de fevereiro (65.755,66 pontos). No mês, o índice acumula perda de 4,62% e, no ano, de 5,61%. O giro financeiro totalizou R$ 9,944 bilhões, engordado pelo vencimento, que somou R$ 2,45 bilhões. Sobraram notícias ruins ontem. A China elevou novamente seu compulsório bancário, as preocupações com a solvência da Grécia voltaram a crescer e os EUA se tornaram foco de tensão, depois que a S&P decidiu reafirmar o rating AAA do país, mas reduzir a perspectiva da classificação de estável para negativa. Dow Jones perdeu 1,14%, S&P 500 recuou 1,10%, e Nasdaq, 1,06%. As bolsas europeias também fecharam com perdas, superiores a 2%. No Brasil, o vencimento de opções sobre ações trouxe volatilidade na primeira metade do pregão. No período da tarde, as oscilações diminuíram um pouco, mas as perdas, não. Para completar o quadro, os investidores viram com assombro o derretimento das ações da OGX ON. Analistas apontaram um mix de motivos: a forte queda dos preços do petróleo, a revisão (para baixo) das expectativas de venda de uma parcela dos campos, mas o que prevaleceu foram as grandes incertezas do mercado em relação ao montante de reservas da petrolífera.
Petrobras ON perdeu 3,98% e PN, 3,92%. O petróleo recuou 2,31% em Nova York, negociado a US$ 107,12 o barril. Vale ON caiu 1% e PNA, 0,99%, influenciadas pelo compulsório chinês e pela expectativa com a Assembleia Geral Extraordinária (AGE), marcada para hoje. “Acreditamos que, em um primeiro momento, o mercado esteja penalizando demasiadamente as ações da OGX em função da divergência com a visão da D&M", avaliam os analistas da Link Investimentos.
Dólar ajustado
O dólar no mercado doméstico ajustou-se ontem à valorização externa. A moeda norte-americana beneficiou-se de um movimento de busca de proteção liderado por investidores, que saíram das bolsas e das commodities. No fechamento, o dólar à vista subiu 0,76%, cotado a R$ 1,590 no balcão, após uma queda acumulada de 0,94% nas três sessões anteriores. Na BM&F, o dólar pronto encerrou com ganho de 0,81%, a R$ 1,5893.
PESO PESADO