A primeira assembleia de acionistas da Vale depois da confirmação de mudança na presidência da mineradora foi realizada nessa terça-feira e recheada de questionamentos sobre o futuro da empresa e sua política socioambiental. O quórum do evento foi tímido: reuniu cerca de 30 acionistas em uma sala de reuniões no 19º andar da sede da companhia, no Rio de Janeiro.
Os acionistas da mineradora aprovaram a nova composição do Conselho de Administração da companhia. A principal mudança é a entrada do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, como conselheiro, num sinal de que o governo pretende ampliar sua influência nas definições estratégicas da Vale – atribuição que cabe ao colegiado. Ao todo, foram substituídos 4 dos 11 membros-titulares do conselho.
Barbosa foi indicado para uma das quatro vagas de membros-titulares pertencentes à Previ, fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil (BB) e principal acionista da Vale. Barbosa também preside o Conselho de Administração do BB. O fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil divide o controle da gigante da mineração com Bradespar (braço de participações do Bradesco), BNDES e a japonesa Mitsui.
Durante a assembleia, um acionista lamentou a saída de Agnelli (Roger Agnelli), ao falar dos bons resultados obtidos pela companhia ao longo dos 10 anos do executivo à frente da Vale. "Infelizmente, quem nos controla é o governo federal", afirmou, numa referência à presença da União no bloco de controle. Apesar das preocupações manifestadas por acionistas minoritários, a aprovação dos temas em pauta transcorreu sem sobressaltos. Ricardo Flores, presidente da Previ e do conselho de administração da Vale, aproveitou o evento para reafirmar a intenção dos acionistas controladores de não mexer no atual planejamento estratégico da empresa.