Finalmente, uma boa notícia. O preço médio de cortes nobres do boi e do porco caiu. A redução chegou a 18,4%, caso do quilo do filé-mignon entre janeiro e este mês. O quilo do nobre corte bovino custava, na média, R$ 27,22 no início do ano e agora sai por R$ 22,31, de acordo com pesquisa feita pelo site MercadoMineiro (veja quadro). E o quilo do pernil sem osso caiu 10,29%, de R$ 10,20 para R$ 9,15. Já a notícia relacionada com o valor médio do frango seguiu caminho contrário e não foi das melhores. O quilo da carne branca que é ingrediente importante de diversos pratos da culinária mineira, apresentou expansão de 6,99% e passou de R$ 4,15 para R$ 4,44, em três meses, de acordo com o levantamento exclusivo do site.
Pelo menos no caso dos cortes de bois e suínos, ainda podem cair mais. “Há margem para novos recuos”, aposta Feliciano Abreu, diretor-executivo do MercadoMineiro. Um dos motivos para a previsão do especialista se deve à escalada de preços dos dois tipos de carnes no acumulado dos 12 meses do ano passado. Os cortes de boi e porco tiveram aumentos de 25,5% e 14,86%, respectivamente, conforme dados da Fundação Ipead, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Para o frango, não há previsões de queda e o alto valor da iguaria, que está salgando os cardápios dos mineiros. Quem saboreia a ave servida com quiabo e angu, por exemplo, está desembolsando ainda mais, pois o preço dos principais ingredientes do prato, um dos mais famosos de Minas Gerais, subiu bastante nos últimos meses. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que, de março de 2010 até o mês passado, o quilo do quiabo saltou 43,32% e o da lata de óleo de soja, 20,89%. O tomate também não ficou atrás, com alta de 27,60% no período. Apenas o fubá do angu registrou reajuste mais brando, de 0,95%. Não custa lembrar: a inflação do período (março/2010 a março/2011), medida pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), da Fundação Ipead/UFMG, ficou em 6,49% em 2010.
Susto
A inflação do frango com quiabo e angu assustou a artista plástica Rosa Maria Mahé, de 59 anos, moradora do Bairro Caiçara, na Região Nordeste, que adora reunir a família para saborear a iguaria durante uma boa prosa. “Geralmente, faço o prato uma vez por mês. Os preços estão altos demais. O do quiabo subiu muito. O do tomate também”, lamentou Rosa Maria, que na sexta-feira foi ao Mercado Central, cartão-postal de Belo Horizonte, comprar algumas verduras para o almoço deste sábado. Na barraca Legumes Duarte, ela ouviu Aílton Rosa da Silva, que trabalha no local, reclamar do preço do quiabo: “Subiu bastante. Hoje, o quilo sai a R$ 4,98. Há um ano, se não tiver enganado, era perto de R$ 3”.
Boa parte da alta do quiabo foi registrada no primeiro trimestre de 2010. No entreposto de Contagem da Ceasa, na Grande BH, o preço da hortaliça subiu 172% na comparação entre março e fevereiro deste ano. A justificativa é explicada por Marco Antônio Reis da Silva, da seção de Informações de Mercado da unidade: “É um produto sensível à transição climática. É (típico) de clima mais quente, mas quando há bastante chuva seguida de calor…”.
O empresário Elias Caetano, de 48, fã do famoso prato, reclama da escalada do quiabo e do frango: “A composição final encarece tudo”. Apesar de o site MercadoMineiro ter constatado aumento de 6,99% no quilo do frango resfriado, o preço da ave, quando comprada em pedaços, aumentou 13,49% entre março de 2010 e o mês passado, segundo o IBGE.
Um dos motivos da alta do frango foi o aumento dos preços das carnes bovinas e suínas, que levou famílias a migrarem para o consumo da ave. Outra explicação é o aumento do poder aquisitivo dos consumidores de baixa renda, que passaram a incorporar a carne, neste caso a de frango, no cardápio. A alta da ração das aves, à base de milho e soja, também influenciou o reajuste dos preços.