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Estado de Minas

Compulsório e Selic freiam expansão do crédito, que está cada vez mais caro


postado em 27/04/2011 16:12

O movimento de expansão das operações de crédito no sistema financeiro nacional (SFN) caiu pela metade, em média, no primeiro trimestre deste ano, em relação aos três últimos meses de 2010. Redução causada pelo aumento do compulsório bancário sobre depósitos a prazo, no início de dezembro de 2010, e pelas elevações da taxa básica de juros (Selic) de 10,75% para 11,25% ao ano, em janeiro, e posteriormente para 11,75%, em março.

O crescimento acumulado do crédito, que foi de 5,5% (1,9% em outubro, 2% em novembro e 1,6% em dezembro) no quarto trimestre de 2010, caiu para 2,7% no primeiro trimestre deste ano (0,5% em janeiro, 1,3% em fevereiro e 1% em março), como mostram os relatórios mensais de Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro, redigidos pelo Departamento Econômico (Depec) do Banco Central (BC).

O aumento do compulsório, adotado para desestimular o endividamento de longo prazo, retirou cerca de R$ 61 bilhões de circulação, de acordo com cálculos do próprio BC, e o impacto da medida fez efeito imediato na contração da oferta de crédito, de 21% nos empréstimos contratados em dezembro, comparado a novembro. Em janeiro, a queda foi ainda mais acentuada, com 76,63% a menos no volume de contratações.

“O ritmo de crescimento mais moderado decorre de uma política de crédito mais restritiva”, afirmou nesta quarta-feira o chefe do Depec, Túlio Maciel, ao divulgar o relatório referente a março. A restrição fez os bancos elevarem o custo do dinheiro em todas as modalidades de operações já em dezembro e, de lá para cá, os juros cresceram ainda mais, pressionados por duas altas na Selic. A taxa média cobrada de pessoas físicas e jurídicas aumentou de 35%, no final de 2010, para 39% no mês passado.


Os juros cobrados nas contratações de empréstimos e financiamentos bancários, porém, são mais altos que a taxa média de referência. As pessoas físicas pagam juros médios de 45% ao ano, aí computados os empréstimos consignados, com desconto em folha de pagamento, que pagam os juros mais baixos do mercado e que estavam, em março, em 28,1% ao ano. O crédito pessoal, por sua vez, cobrava taxa anual média de 47,3%. O crédito mais caro do mercado continua sendo o cheque especial, que cobrava 174,6% ao ano.

As restrições ao crédito impulsionaram a subida do spread, que é a diferença entre os juros que os bancos pagam na captação do dinheiro dos investidores e os juros cobrados dos clientes na concessão de empréstimos. O spread passou de 28,5%, em dezembro, para os atuais 32,4% cobrados de pessoas físicas. No caso de operações com empresas, evoluiu de 17% para 19,6% no mesmo período, apesar de a inadimplência ter se mantido praticamente estável no trimestre, passando de 4,5%, em dezembro, para 4,7% agora.

Mas a conta paga por quem precisa recorrer aos bancos está ficando ainda mais cara no decorrer deste mês, já como reflexo do aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para 6% nas contratações de empréstimos internos e externos.

Segundo Túlio Maciel, os números colhidos pelo BC até o último dia 12, referentes aos oito primeiros dias úteis do mês, indicam que a taxa média cobrada pelos bancos nas operações com pessoas físicas haviam aumentado de 45% para 47,1% e permaneciam estáveis nas transações com empresas. Com isso, a taxa geral de referência já subiu para 40,1%.


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