A Eletronuclear já cumpriu um primeiro pacote de medidas de verificação de suas usinas, uma exigência da Associação Mundial de Operadores Nucleares (Wano, do inglês World Association of Nuclear Operators), que reúne as empresas operadoras de usinas nucleares. Agora, a empresa espera que a agência reguladora estabeleça a necessidade de se implementar um segundo pacote de ações.
“Ela [a Wano] executa o que se chama de autorregulação. Ou seja, eles nos inspecionam e nós participamos de inspeções em outros países. É um sistema único no mundo”, destacou o assistente da Presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, em palestra hoje (27) a empresários do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Rio de Janeiro (Ibef/RJ).
As medidas foram determinadas em função do acidente radioativo na Central Nuclear de Fukushima, no Japão, após o terremoto e o tsunami que assolaram a costa nordeste do país em março.
O executivo da Eletronuclear observou que as lições aprendidas a partir de Fukushima servem de parâmetro, agora, para toda indústria. “Essa é uma lição para toda a indústria. Tem que aumentar o treinamento para enfrentar esse acidente severo. A importância desse procedimento vai ter que ser aumentada”.
A Eletronuclear, segundo Guimarães, já vinha estudando a possibilidade, antes do acidente na usina japonesa, de usar uma fonte independente de geração elétrica para garantir a alimentação elétrica da Usina Angra 3, em caso de acidente. A empresa também decidiu reforçar a estrutura das instalações secundárias das usinas nucleares que opera (Angra 1 e 2) e realizar um estudo para a construção de cais adicionais que permitam evacuação complementar pelo mar.
Guimarães classificou de “oportunismo ideológico” a posição de algumas entidades, como o Greenpeace, na discussão sobre a continuidade ou não do programa nuclear brasileiro, apesar de considerá-la válida. “Aquelas pessoas que, por força política, têm por ideologia serem contrárias à geração elétrica nuclear, o que é absolutamente válido e normal que exista, elas vão aproveitar e usar o acidente de Fukushima para tentar reforçar ou fazer a sua ideologia prevalecer. Isso é democracia”, afirmou.
Pedro Henrique Torres, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace, defendeu que o governo brasileiro deve aproveitar esse momento, após o acidente radioativo de Fukushima, para “enterrar” o programa nuclear, “que é caro, inseguro, e que não deve ser mais prioridade”.