Os brasileiros estão atrasando cada vez mais o pagamento de empréstimos bancários com vencimento de até 90 dias. Na avaliação do Banco Central (BC), esse movimento pode levar a um possível aumento da inadimplência das famílias nos próximos meses.
Dados divulgados hoje pela autoridade monetária mostram que os atrasos de até 90 dias no pagamento de dívidas (que é considerado um indicador antecedente da inadimplência) de pessoa física teve um crescimento de 1,2 ponto porcentual neste ano, atingindo 6,5% em março. A taxa de calote (atrasos acima de 90 dias) da pessoa física, no entanto, subiu bem menos (0,2 ponto porcentual), para 5,9%.
"Isso é um indicativo de que poderá haver um aumento discreto na inadimplência. Nada que preocupe por causa do ambiente (favorável) da renda e do emprego", explicou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel.
Na avaliação do chefe de departamento do BC, o aumento da taxa de juros básica no País, assim como as medidas macroprudenciais para conter o crescimento do crédito, encarecem os empréstimos, que passam a comprometer uma parcela maior do orçamento do trabalhador. Isso tende a provocar atrasos e calotes.
A taxa média de juros cobrados nos empréstimos bancários para pessoa física saltou 1,2 ponto porcentual de fevereiro para março, atingindo 45% ao ano - valor mais alto desde junho de 2009 (45,6% ao ano). O cheque especial continua sendo a modalidade de crédito mais cara. No mês passado, o juro desse financiamento foi de 174, 6% ao ano, a maior taxa desde dezembro de 2008.