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Estado de Minas

Copom diz que o ciclo de alta nos juros será bem mais longo que o esperado

Considerada dura pelo mercado, a ata da última reunião do Copom deixa claro que o ciclo de alta nos juros será bem mais longo que o esperado. Analistas estimam que a taxa pode chegar a 13%


postado em 29/04/2011 09:21 / atualizado em 29/04/2011 09:32

A taxa básica de juros (Selic) ainda não bateu no teto, mesmo depois do ajuste na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que a colocou em 12% ao ano, a segunda mais alta do mundo, atrás apenas dos 18,24% da Venezuela. A ata desse encontro, considerada pelo mercado como a comunicação mais “hawkish” da gestão Alexandre Tombini à frente do Banco Central — termo importado da política externa norte-americana para dizer que uma autoridade é dura como um falcão —, mostra que o BC aumentou a dose do remédio contra a inflação. Agora, os analistas já calculam que o arrocho pode durar até o fim de 2011, com os juros atingindo 13% ao ano.

A estratégia do presidente do BC, Alexandre Tombini (E), e de sua equipe será aumentar a Selic em 0,25 ponto nas próximas decisões(foto: Edilson Rodrigues/CB/DA Press)
A estratégia do presidente do BC, Alexandre Tombini (E), e de sua equipe será aumentar a Selic em 0,25 ponto nas próximas decisões (foto: Edilson Rodrigues/CB/DA Press)
A estratégia claramente expressa na ata é uma política monetária gradual, em doses homeopáticas de 0,25 ponto percentual de aperto na Selic a cada reunião. Esse ajuste vai durar por um tempo “suficientemente prolongado”, sublinha a ata. A palavra “incerteza”, que se destaca em vários parágrafos do comunicado em referência ao cenário econômico, se tornou uma unanimidade entre os diretores do BC. Eles ainda classificaram como “persistentes” as pressões inflacionárias e como “complexo” o ambiente internacional.

“É uma ata bastante dura, a mais hawkish da nova diretoria. Há uma clara sinalização de que houve uma reavaliação da estratégia de política”, avaliou Jankiel Santos, economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, que vai revisar suas projeções sobre a Selic para cima. “O sinal emitido é o de ‘vamos fazer o suficiente para trazer a inflação do ano que vem (para o centro da meta)’. Estava havendo uma perda de credibilidade do BC nesse sentido e, aparentemente, ele agora recupera isso.” Para Vladimir Caramaschi, economista-chefe do Crédit Agricole Brasil, os investidores também vão rever seus cálculos. “O mercado deve caminhar para duas altas de 0,25 ponto percentual ou mais, e não duas altas de 0,25 ou menos, como vinha ocorrendo até então”, disse.

A ata dá menos destaque para as medidas macroprudenciais para reduzir o consumo e a inflação, o que foi lido pelos especialistas como um sinal de que talvez tenham chegado ao limite e, a partir de agora, a política monetária atue apenas com a ferramenta tradicional: a elevação dos juros. “Nessa ata, o foco mudou. O BC dá mais ênfase ao aperto nos juros. As medidas não tiveram tanto peso”, avaliou Tatiana Pinheiro, economista do Banco Santander. Durante o Fórum Econômico Mundial da América Latina, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Moreno, elogiou o BC no combate à carestia.

Dúvidas

Se para o BC o cenário é de incerteza, para o mercado é de dúvidas em relação à eficiência da estratégia traçada pela autoridade monetária. Mesmo o objetivo de levar a inflação para o centro da meta em 2012 (4,5%), segundo especialistas, está comprometido. “O BC continua a trabalhar com hipóteses otimistas demais”, ponderou Tatiana Pinheiro. Para as gestoras de recursos, instituições que mais têm acertado as projeções para a inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano que vem vai ficar em 5,19%, número que tende a piorar.

Na avaliação do Santander, a inflação de maio, junho e julho deve vir em nível bem abaixo do 0,80% da média registrada no primeiro quadrimestre do ano. Não por motivos estruturais, como a desaceleração do consumo, mas por fatores temporários, como a ausência de reajustes de preços administrados. Uma dinâmica que, para a instituição, não tem qualquer influência da estratégia do BC. “Uma das hipóteses otimistas do BC, de uma desaceleração mais forte no preço das commodities, também é pouco provável”, avaliou. “Apenas no primeiro trimestre, foram 9% de alta e não há nada no radar que indique uma desinflação forte o suficiente para rebater esse incremento e o do ano passado.”


INTERVENÇÃO NO BANCO MORADA

O Banco Central decretou, ontem, intervenção no Banco Morada S.A., instituição privada de pequeno porte com apenas uma agência, na cidade do Rio de Janeiro. O BC alegou comprometimento patrimonial do banco, descumprimento de normas do Conselho Monetário Nacional (CMN) e ainda o fato de seus controladores não terem apresentado um plano de recuperação viável para a instituição. O BC informou que cerca de 32% do total dos depósitos à vista e a prazo do Morada contam com cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Os pagamentos para os depositantes já começarão a ser feitos na segunda-feira. Todas as informações necessárias estarão à disposição do público interessado no site do FGC. (Vânia Cristino)


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