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Estado de Minas

Sonho de ser mãe supera o emprego, diz pesquisa

Aumenta o movimento de mulheres que optam por deixar o emprego para se dedicar à família. Em três anos, queda de profissionais que pararam de disputar vagas foi de 6,1%


postado em 01/05/2011 07:44 / atualizado em 01/05/2011 07:54

A proposta de trabalho em uma multinacional trouxe Evandro Freitas e a família para Belo Horizonte há cerca de um ano e meio. Sua mulher, Maria Luísa Rodrigues Silveira, já tinha emprego garantido em uma loja de sapatos da capital, mas não chegou a trabalhar sequer um dia. Antes, decidiu que era hora de realizar o sonho de ser mãe. Para isso, estava disposta a abrir mão da carreira profissional. O fato de a renda familiar ter aumentado, com o novo emprego do marido, ajudou na tomada da decisão.

“É muito difícil abandonar o filho em uma fase em que ele ainda é muito dependente”, conta Maria Luísa. Davi acabou de completar seis meses e a intenção da mãe é esperar pelo menos mais um semestre para retornar ao trabalho. “Tem que ser um emprego em que eu ganhe o suficiente para pagar babá, empregada e ainda sobre. Caso contrário, não vale a pena”, pondera.

Assim como Maria Luísa, várias mulheres estão optando por ficar em casa, o que ajuda a inverter um caminho que parecia sem volta. Ano após ano, elas vinham ganhando espaço no mercado de trabalho mas, desde 2007, perdem participação na População Economicamente Ativa (PEA), composta pela parcela de trabalhadores ocupada e desempregada.


Em 2007, do total de mulheres com mais de 10 anos na Grande BH, 54,1% estavam na PEA, enquanto em 2010 o percentual fechou em 50,8%, com queda de 6,1%. Com o resultado, o índice alcançou patamares semelhantes aos de 2002, quando foi de 50,9%, representando uma regressão de oito anos na conquista de postos na força de trabalho local. A retração também foi observada entre os homens, mas em ritmo praticamente duas vezes inferior, com baixa de 3,4%.

Os dados fazem parte de um levantamento realizado com exclusividade para o jornal Estado de Minas pelo professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Mário Rodarte baseado na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada pelo Dieese e Fundação João Pinheiro. Desde o início da série histórica, em 1996, o índice de mulheres no mercado vinha apresentando altas sucessivas, com apenas duas retrações até 2007, sendo uma entre 1997 e 1998, quando passou de 47,9% para 47,7%, e outra entre 2004 e 2005, com queda mais expressiva, de 54,1% para 53%. (Veja quadro)

Cenário invertido


De 2007 até 2010, porém, o cenário se inverteu e as quedas passaram a ser recorrentes. Para Rodarte, é possível levantar algumas hipóteses para o cenário atual. “O resultado está muito atrelado à decisão dos jovens em adiar a entrada no mercado de trabalho. A taxa de participação também cai nos segmentos de faixa etária onde incide o período reprodutivo, o que pode significar que as mulheres estão saindo da força de trabalho para se tornar mães”, pondera.

Somente entre 2009 e 2010, 37 mil pessoas saíram do mercado de trabalho na Grande BH. Deste total, 35 mil eram mulheres. Isso não quer dizer que elas estejam entrando na lista de desempregados, mas sim que estão parando de procurar oportunidades ou, simplesmente, abrindo mão da carreira


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