Pressionado pelo aumento da demanda interna, o Brasil aumentou em 2010 suas importações de etanol dos Estados Unidos e gerou alívio aos produtores americanos. De acordo com o Departamento de Comércio, foram embarcados ao mercado brasileiro 70 milhões de litros do combustível. No ano anterior, essas vendas haviam totalizado apenas 1 milhão de litros. Protegida no mercado doméstico do etanol brasileiro por tarifa adicional e beneficiada por subsídios, a produção dos EUA ultrapassou a do Brasil em 2006.
Embora a Associação de Combustíveis Renováveis (RFA, na sigla em inglês) insista na sua preferência pelo suprimento do mercado doméstico, os últimos anos foram marcados pela queda no consumo americano e pelo aumento da capacidade de produção do combustível. Em janeiro deste ano, os EUA mostravam-se aptos a produzir 10,6 bilhões de galões ao ano, destinados especialmente para a mistura com a gasolina.
A queda no consumo de combustíveis, por causa da lenta recuperação da economia e do aumento do preço internacional do petróleo, derrubou também as vendas internas de etanol. Boa parte da produção do combustível foi deslocada para a exportação facilitada pelo dólar desvalorizado.
A crise de oferta de etanol no Brasil tornou-se uma espécie de “tábua de salvação” para os produtores americanos, segundo um especialista do setor. O aumento da frota de automóveis do País - em sua maioria, modelos flexfuel - em uma média de 10% ao ano desde 2009 e o crescimento da capacidade de produção de etanol em cerca de apenas 2% ao ano somaram-se aos problemas nas últimas duas safras de cana-de-açúcar. O mesmo especialista criticou a política do governo Dilma Rousseff de pressionar o setor produtor de etanol a reduzir os preços. A iniciativa, segundo ele, teria desmobilizado ainda mais os usineiros a tocar projetos de investimento na ampliação da produção. Apenas três novas usinas de álcool estão programadas para este ano.