Xerifes das finanças internacionais temem que a correção nos preços de matérias primas na semana passada possa ser um primeiro e perigoso sinal do potencial estouro de uma bolha de commodities, representando um "alto risco" para a recuperação da economia mundial e escancarando a atuação de especuladores nos mercado de energia e alimentos. Essa é a avaliação de alguns dos principais Bancos Centrais do mundo que começaram hoje, na Basileia, uma avaliação completa da situação da economia mundial durante reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS).
No final da semana passada uma correção no mercado de commodities afetou preços de uma gama de produtos, do cobre ao algodão. O petróleo registrou a maior queda em termos absolutos da história. Em apenas um dia, o barril perdeu US$ 12,00. Na semana, a prata perdeu 30% de seu valor, na maior queda em quase 30 anos. O Financial Times chegou a classificar a queda de "épica" e, não por acaso, entre alguns representantes de BCs, a ordem é de manter vigilância total em relação aos acontecimentos diante do que poderia ser mais uma bolha.
Para alguns, a ameaça de um "pouso forçado" existe em relação ao comportamento do mercado de commodities. O impacto seria sentido acima de tudo em economias exportadoras de matérias-primas. Parte da recuperação de alguns desses mercados partiu exatamente por conta da renda gerada com as exportações de commodities.
Segundo dados do Instituto de Finanças Internacionais, foram os altos preços de commodities que promoveram uma recuperação rápida na América Latina após a crise de 2009. A entidade, que representa os bancos privados, apontam que as commodities representam hoje 50% das exportações da região e que foi justamente esse fator que permitiu que os termos de troca do continente tivessem uma alta de 6% em 2010.
No BC brasileiro, porém, esse pouso forçado e eventuais perdas diante da queda abrupta dos preços não faz parte das previsões.
A reunião na Basileia ocorre a portas fechadas e os presidente das instituições são orientados a não revelar o conteúdo das conversas. "Não posso falar nada", disse o presidente do BC chileno, José de Gregório. O Chile vinha sustentando parte de sua expansão na alta dos preços de cobre.
A reunião ainda conta com representantes do Fed, Alexandre Tombini, presidente do Banco Central brasileiro, e Jean Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu