Os altos preços do etanol estão levando ao maior plantio de cana-de-açúcar em Minas Gerais. A previsão é de que a safra 2011/12 chegue a 58 milhões de toneladas colhidas, ou seja, será a maior da história do estado, de acordo com estimativa da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig). O crescimento deve chegar a 6,8% frente ao resultado previsto para a safra que está entrando no mercado, que é de 54,28 milhões de toneladas. Do total da cana colhida neste ano, cerca de 45% serão destinados para a produção de açúcar, que deve chegar a 3,2 milhões de toneladas.
Para o álcool, o percentual deve ser de 56,7% da safra colhida, o que corresponde a mais de 2,5 milhões de litros. O restante seguirá para a fabricação de outros itens, como cachaça, rapadura e ração animal. Os resultados da safra deste ano reforçam a posição mineira na segunda colocação do ranking nacional de produtores de etanol. O estado só perde para São Paulo, que responde por 55,9% da produção do combustível no país.
A produção de etanol apresentou problemas nos últimos anos, com destaque para 2008, quando a crise econômica mundial prejudicou alguns setores industriais obrigando usineiros a interromper o processo de moagem. O clima também comprometeu o cultivo com o excesso de chuvas em 2009 e as secas frequentes em 2010, fazendo com que o estado deixasse de produzir cerca de 4 bilhões de litros do combustível. O cenário foi pouco estimulante à produção.
Para a retomada do crescimento econômico, o governo do presidente Lula facilitou as condições de crédito e reduziu impostos incentivando a compra de automóveis flex, que possibilitam o uso de gasolina ou etanol. E a estratégia deu resultado. “Os preços para o produtor estão altos e se mantêm há duas semanas. Mas não vai demorar muito e logo vai cair, à medida que a oferta no mercado for aumentando”, avalia o presidente da Siamig, Luiz Custódio Cotta Martins. “Nos outros anos, vendemos álcool abaixo do custo de produção porque a oferta era muito grande. Nas próximas safras (o preço) a tendência é de normalização.”
Expansão a caminho
Com os bons resultados da safra atual há uma expectativa de aumento no plantio de cana no país. Hoje, há cerca de 6 milhões de hectares com a cultura em todo o território nacional. Mas esta área pode chegar a 9,1 milhões de hectares gradativamente.
Sobre a possibilidade de expansão do território de cultivo da cana-de-açúcar em Minas, o superintendente de política e economia agrícola da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Ricardo Albanez, diz que já há um estudo em andamento. Para ele, existe um consenso entre usineiros e produtores sobre o potencial de expansão da fronteira agrícola para a cultura no Alto Paranaíba e no Noroeste de Minas. “Mas todo o estado tem potencial para o cultivo da cana. Hoje, essa cultura já está em um terço do território, sendo que no Triângulo são 453 mil hectares.”
Para o restante do país, a expectativa é de que essa expansão ocorra em regiões ocupadas em sua maioria por pastagens e de inverno seco, com destaque para o Oeste de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Segundo dados da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, além do etanol, o estado está no segundo lugar do ranking nacional de maior fabricante de açúcar com 8,4% da produção brasileira, atrás de São Paulo que produz anualmente 31%.
Em 2001, o açúcar foi vendido a US$ 212 a tonelada e em 2010 chegou a US$ 447. Para este ano, a média do primeiro trimestre foi de US$ 445 para a tonelada. Há 40 países que compram o açúcar produzido em Minas. Os principais clientes do estado são: Rússia (21%), Síria (12,6%), Marrocos (9%), Argélia (8,5%) e Nova Zelândia (7,8%).