Maior produtor nacional de café, Minas Gerais deve colher 22,1 milhões de sacas na safra 2010/2011, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume representa 50,8% dos 43,54 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado produzidos em todo o Brasil. Em comparação com a última safra, o resultado é 12% menor, o que é justificado pela bianualidade típica da cultura que chega ao ano de queda depois de produzir mais de 25 milhões de sacas na safra 2009/2010. Praticamente toda a produção do estado é de melhor padrão produzido com 100% de grão do tipo arábica, considerado a variedade mais nobre.
Apesar do comportamento já esperado, essa é a maior produção para um ano de baixa no estado na última década. Em 2009, ano com características semelhantes, foram colhidos 19,8 milhões de sacas de 60 quilos, o que representa uma elevação de 11,6% no volume total. “Essa característica de redução da produção entre uma safra e outra é própria da fisiologia da planta, que fica muito estressada e precisa de um período de recuperação”, explica o
Para se ter ideia, entre 2002 e 2003 o volume colhido caiu de 25,1 milhões de sacas para 12,05 milhões, redução de 52%. Nas safras de 2009/2010 e 2010/2011, a variação foi de apenas 12%. O gerente de levantamento e avaliação de safras da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Bestetti, observa que essa realidade não se restringe apenas a Minas Gerais e se estende a todo o país.
“Essa amenização da bianualidade se dá pela melhoria dos tratos culturais do produtor, que está se dedicando mais à lavoura porque tem visto os resultados provenientes da remuneração. Além disso, o clima tem ajudado”, observa. Albanez ainda acrescenta a renovação das lavouras, uso de fertilizantes e irrigação como fatores que têm contribuído para reduzir a diferença de produção entre uma safra e outra.
Segundo Lúcio Dias, superintendente comercial da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), no Sul do estado, com 11.962 cooperados, os produtores têm feito o que podem para reduzir os impactos sofridos com os efeitos da bianualidade. “Além da irrigação para fugir das intempéries climáticas, ainda faço diferentes tipos de poda”, conta. O controle mais eficiente de pragas e doenças também faz parte da rotina do produtor.
A Região Sul, juntamente com a Centro-Oeste, deve responder por quase 50% de toda a produção do estado na safra que começa agora. No total, são 505 mil hectares de área plantada nesses dois polos, o que equivale a cerca de 50% do total de 997 mil hectares de produção de café em todo o estado.
Com início no último mês, a colheita se intensifica a partir de maio, quando 18% da safra do estado é colhida, e tem o seu ápice nos meses de junho e julho, em que concentram 52% do processo. O café mineiro também ganha importância no mercado externo e hoje o produto já ocupa a segunda posição na balança comercial de Minas, perdendo apenas para o minério de ferro. No primeiro quadrimestre a receita de exportações do café atingiu US$ 1,7 bilhão, alta de 55,13% na comparação com a cifra registrada no acumulado dos quatro primeiros meses do ano.