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Estado de Minas

Novas regras já faz faltar nas concessionárias carro produzido na Argentina


postado em 17/05/2011 06:00 / atualizado em 17/05/2011 06:20

 

Uma semana depois de o governo federal modificar as regras para a importação de veículos, que deixou de ter licença automática na liberação, o mercado de automóveis corre risco de ficar desabastecido de diversos modelos. Nas concessionárias de Belo Horizonte, alguns veículos fabricados na Argentina já são raros e a expectativa para um pedido de modelo que não há no estoque pode passar de 60 dias. Isso ocorre porque sete montadoras que têm unidades instaladas no Brasil também têm plantas no país vizinho e são responsáveis por mais da metade dos carros estrangeiros que entram no país, se valendo de um acordo de livre comércio entre as nações do Mercosul.

Fiat, Volkswagen, Chevrolet, Ford, Citroën, Peugeot e Renault exportam para o Brasil 13 modelos, que no ano passado somaram mais de 374 mil unidades, totalizando US$ 5,4 bilhões. No mesmo intervalo de tempo, o Brasil exportou para os argentinos 337.398 veículos, que somaram US$ 3,98 bilhões, gerando déficit comercial de quase US$ 1,5 bilhão na balança comercial de automóveis entre os dois países.

A Toyota, por exemplo, que importa a Hillux e o SW4 está com 50 carretas paradas na fronteira aguardando o licenciamento. No total, são 350 unidades. De acordo com a montadora, outros veículos só serão enviados ao Brasil após o imbróglio ser resolvido. A decisão do governo é vista como uma retaliação ao atraso para liberação de produtos brasileiros no país vizinho. O Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) determinou, desde terça-feira da semana passada, o fim das licenças automáticas, que só serão expedidas após técnicos do governo analisarem, podendo demorar até 60 dias.

Volkswagen e o grupo PSA (Peugeot e Citroën) informam que estão avaliando os efeitos das medidas, mas ainda não sabem precisar o impacto. Entretanto, quem tenta comprar uma picape Volkswagen Amarok nas revendas de BH já encontra dificuldade. Na concessionária VW Carbel há apenas um modelo, em exposição no salão da revenda e caso o comprador queira outros itens de série terá que esperar mais de 60 dias. A mesma situação ocorre com quem procura a picape na concessionária VW Garra. Cenário parecido ocorre na concessionária Renault Minas France, com o Clio, em que há apenas uma unidade para a pronta-entrega.

ABEIVA

Em nota, a Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva) afirma que concorda com a retaliação aos produtos argentinos, mas não concorda com a extensão da medida para os veículos provenientes de outros países. No primeiro quadrimestre, as marcas representadas associação comercializaram 51.698 unidades, o que representa apenas 4,92% do mercado total interno de veículos e 21,15% dos veículos importados que entram no país. A maioria dos importados – 79,85% do total – são importados pelas montadoras instaladas no Brasil com de acordos bilaterais com isenção de imposto de importação.

"Sem guerra"

O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, descartou nessa segunda-feira qualquer ruptura no relacionamento com a Argentina, em razão da suspensão e licenças automáticas para importação de veículos. "Não existe guerra comercial e o diálogo não foi interrompido. O mercado argentino continua sendo um importante parceiro do Brasil no Mercosul e encontraremos soluções para os problemas sensíveis aos dois lados", disse. Ele espera se reunir com a ministra argentina da Indústria, Débora Giorgi, na próxima semana para tratar da barreira aos carros e outras questões. Pimentel reafirmou que a medida não teve a Argentina como alvo específico, mas o mundo todo.


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