O governo da Argentina voltou a pedir ao Brasil que libere os automóveis que estão parados na fronteira à espera de concessão de licença de importação, enquanto os dois países não chegam a um acordo. O pedido foi feito pela ministra de Indústria, Débora Giorgi, ao embaixador brasileiro em Buenos Aires, Enio Cordeiro, durante reunião de mais de duas horas, realizada hoje pela manhã. "A principal reivindicação é de que o lado brasileiro tenha um gesto de boa vontade e libere uma parte dos automóveis, mas consideramos que medidas de boa vontade devem ser recíprocas", disse o embaixador, deixando claro que o Brasil não pretende ceder.
"Eu mencionei à ministra que alguns setores requerem uma atenção imediata, como pneus, baterias e calçados", detalhou Cordeiro, afirmando que estes três setores foram enumerados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O embaixador saiu da reunião com o compromisso do secretário de Indústria, Eduardo Bianchi, de que a Argentina fará um levantamento sobre produtos brasileiros que foram afetados pelas barreiras argentinas. "Recebi indicação do Bianchi de que vão olhar como estão estas licenças", afirmou.
Segundo ele, os dois governos estão tentando marcar a primeira reunião de negociação para a próxima semana. "Em princípio, sugerimos uma reunião entre os dois secretários, mas a Argentina quer um encontro mais amplo, da comissão de monitoramento do comércio e existem dificuldades para fixar a data", informou o embaixador. No próximo dia 25 será feriado nacional na Argentina e, antes desse dia, o Brasil considera difícil reunir todos os representantes da comissão de monitoramento do comércio bilateral.
Cordeiro repetiu argumento do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, de que as barreiras contra os automóveis não são dirigidas à Argentina, mas reconheceu que a medida afeta o país, porque o maior volume de importação brasileira de automóveis é de origem argentina. No mesmo sentido, ocorre com as restrições argentinas que, segundo ele, não são direcionadas ao Brasil, mas produz impacto negativo na indústria brasileira porque incluem um quarto da pauta exportadora para o mercado vizinho.