Belo Horizonte é a capital da inflação, segundo dados do último levantamento do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV), referente ao acumulado do mês de maio até o dia 15. No período, o índice de BH registrou variação positiva de 1,53%, alta de 0,21 ponto percentual (p.p) em relação ao patamar alcançado na primeira semana de maio (veja quadro). O resultado é o maior entre as sete capitais pesquisadas, ficando 0,33 ponto percentual acima da segunda colocada, Salvador (BA). No período, o IPC-S nacional registrou variação de 1,09%, alta de 0,04 ponto percentual.
O grupo de habitação subiu de 1,71% para 1,86% puxado principalmente pelo ajuste das tarifas de água, luz e condomínio residencial. O serviço de iluminação prestado pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) subiu 6,61% para clientes residenciais, enquanto a conta de água teve reajuste de 7,02% no fim de abril. A elevação já foi captada pelo índice. Somente esses itens foram responsáveis por um terço de toda a variação do IPS-S registrada no período.
A energia representou 0,13 ponto percentual da variação total de 1,53%, enquanto a água respondeu por 0,26 ponto e o condomínio por 0,11. “Esse último sofreu efeito da contaminação dos dois primeiros, já que os condomínios agregam os serviços de água e luz”, pondera Braz. Apesar da pressão que exerceu no resultado, o setor de habitação não foi o único responsável pela corrosão do poder de compra dos consumidores belo-horizontinos.
Transporte
Mesmo com a queda de 5% na variação, passando de um aumento de 2,38% na primeira semana de maio para 2,26% na segunda, o grupo transportes foi responsável por 0,21 ponto do IPC-S. O arrefecimento, depois de nove semanas seguidas de alta, iniciada no fim de fevereiro, foi puxado pela retração nos preços do álcool que subiu 3,23%, ante uma elevação de 7,88% no primeiro levantamento de maio. O impacto foi sentido pela gasolina, atualmente com 25% da composição em álcool anidro, que passou de um ajuste de 6,57% para 5,81% no mesmo período.
Por ter maior peso na inflação, a gasolina respondeu por 13,22% do IPC-S no período, enquanto o álcool foi responsável por apenas 0,44%. “Em várias cidades o álcool já começa a ter um recuo forte de preços, enquanto a gasolina não acompanha o mesmo ritmo”, explica Braz. A tendência é de que a curva descendente continue nos próximos resultados. “Com a entrada da safra da cana-de-açúcar, não há como sustentar os valores praticados atualmente”, pondera o especialista.
Outra forte contribuição veio do grupo de alimentos, puxado pelas hortaliças. “A variação passou de 2,29% no início de maio para 6,5%. A grande culpada foi a batata-inglesa que subiu 35,16%”, afirma Braz. O fabricante de massas, Gil Célio Moreira já sentiu no bolso. “Deu pra sentir o peso da inflação em muitas coisas, principalmente no combustível e nos hortifrutigranjeiros”, observa. (Colaborou Leandro Andrade)
Combustíveis
O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, reafirmou nessa terça-feira a política da empresa de não repassar para os preços do diesel e da gasolina a volatilidade do barril no mercado internacional. Durante teleconferência com analistas, ele foi indagado sobre a possibilidade de haver ou não um reajuste dos dois combustíveis ainda em 2011. “Estamos analisando dia a dia. Os preços no mercado internacional estão altos por conta dos conflitos. Se confirmado o patamar, ou seja, se os preços mais altos permanecerem no longo prazo, teremos que fazer o reajuste”, comentou Barbassa, na teleconferência. Ele ainda afirmou que o preço do barril de petróleo extraído do pré-sal deverá ser superior ao do tipo Brent, negociado na Europa. Segundo ele, esta será uma das principais vantagens competitivas do Brasil no mercado internacional.