O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, disse nesta terça-feira à imprensa americana que o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, “obviamente não está em posição de comandar” o Fundo Monetário Internacional no momento, em declaração que eleva a pressão pela substituição do francês.
Strauss-Kahn foi preso em Nova York no sábado depois que uma camareira do hotel onde ficou hospedado acusou-o de agressão sexual, cárcere privado e tentativa de estupro. Na segunda-feira, uma juíza negou a ele a liberdade sob fiança.
Geithner não pediu a renúncia de Strauss-Kahn, mas disse, em evento em Nova York, que o FMI deveria indicar formalmente seu substituto interino, para que o
Washington tem forte influência sobre a decisão de quem comanda o FMI, por ter o maior número de votos no organismo. O vice de Strauss-Kahn, John Lipsky, está atualmente no controle do FMI, mas sua nomeação não foi formalizada.
Também nesta terça-feira, duas ministras das finanças europeias pediram que o diretor-gerente do FMI considere a possibilidade de deixar o cargo. "Não comento decisões judiciais. Mas, considerando a situação, com a fiança negada, ele próprio deve avaliar se está prejudicando a instituição", disse a ministra das Finanças da Áustria, Maria Fekter.
Ela se mostrou preocupada com a possibilidade de que, independentemente da decisão judicial, a detenção de Strauss-Kahn crie um obstáculo prático para sua função de negociar pacotes de resgate financeiro para Portugal e Grécia, países que enfrentam dificuldades financeiras.
A ministra espanhola das Finanças, Elana Salgado, afirmou o diretor do FMI enfrenta "acusações muito sérias" e que compete a ele agora decidir se irá ou não se desligar do cargo. Por outro lado, o diretor-gerente do FMI recebeu também manifestações de solidariedade. O premiê de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, um amigo declarado de Strauss-Kahn, disse estar "muito triste. Não gosto das imagens que vi na TV".
A ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde, descreveu as acusações contra ele como "arrasadoras e dolorosas". O Partido Socialista, de Strauss-Kahn, pediu que ele seja considerado inocente até que seja provado o contrário e criticou a divulgação das imagens “humilhantes” do francês sendo algemado. A esposa do diretor do FMI, Anne Sinclair, disse acreditar na inocência do marido.
‘Trauma extraordinário’
Em Nova York, a camareira de 32 anos que denunciou Strauss-Kahn está, segundo seu advogado, vivenciando um “trauma extraordinário”, pois sua vida foi “virada do avesso”. Ela está escondida no momento, sentindo-se “sozinha no mundo”.
A suposta vítima é uma imigrante da Guiné que está nos EUA há sete anos com sua filha adolescente. Também de acordo com seu advogado, ela não sabia quem era Strauss-Kahn quando apresentou queixa contra ele.
Strauss-Kahn, que nega as acusações, está detido no presídio de Rikers Island, em Nova York, sob proteção policial 24h e sendo observado para evitar eventual tentativa de suicídio – segundo a polícia, isso é de praxe em casos do tipo.
Se condenado pelos crimes dos quais é acusado, ele pode ser sentenciado a até 25 anos de cadeia. Até o momento das acusações, Strauss-Kahn era considerado um dos favoritos para concorrer ao pleito presidencial francês do ano que vem. Sua próxima audiência perante a Justiça nova-iorquina deve ocorrer na sexta-feira.