A disputa pelo cargo do diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, veio à tona agora, quatro dias depois da denúncia de que ele agrediu sexualmente a camareira de um hotel. Os líderes das chamadas economias emergentes rechaçam a tradição de que o cargo deve ser ocupado por um europeu. A função provisoriamente está com o segundo na hierarquia do FMI, John Lipsky, que deixa o órgão em agosto.
A relação de potenciais candidatos, com o apoio de europeus e norte-americanos, inclui a ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, e o ex-primeiro-ministro da Grã-Bretanha Gordon Brown. Em nome dos emergentes, estão o ex-ministro da Economia da Turquia, Kemal Dervis, o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens, e o ex ministro das Finanças da África do Sul Trevor Manuel.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu que a sucessão deve ser “baseada no mérito” e que “devem ser considerados os candidatos dos países emergentes”. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Jiang Yu, acrescentou que o processo de substituição deve ser “justo e transparente” com o objetivo de “encontrar a melhor pessoa para o cargo”.
O ex-presidente do Banco do Canadá David Dodge afirmou que “seria bom que fosse alguém que tivesse ligações profundas a um dos principais países dos mercados emergentes”.
Mas a chanceler alemã, Angela Merkel, reagiu à pressão dos emergentes afirmando que deve haver “boas razões” para a Europa manter o comando do FMI considerando o momento crítico que vivem alguns países da União Europeia, como a Grécia, Irlanda e Portugal.
O ministro das Finanças da Bélgica, Didier Reynders, disse que a Europa e os Estados Unidos devem manter o entendimento de dividir a liderança do FMI e do Banco Mundial. “Seria preferível se continuássemos a manter esses postos no futuro”, disse.
Para a ministra das Finanças de Espanha, Elena Salgado, a discussão é prematura, mas ela se disse favorável à manutenção do comando do fundo nas mãos dos europeus. “A Europa tem todo o direito de manter a direção do fundo, uma vez que é o maior contribuinte”, afirmou Elena.
Strauss-Khan foi antecedido no cargo de diretor-gerente pelo espanhol Rodrigo Rato, o alemão Horst Kohler e o francês Michel Camdessus. Antes de sua prisão, Strauss-Kahn vinha sendo apontado como candidato às eleições presidencias da França, em 2012.