Com a renúncia de Dominique Strauss-Kahn da chefia do Fundo Monetário Internacional no final da noite dessa quarta-feira, começa a disputa pela sucessão do cargo, dias depois da denúncia de que ele agrediu sexualmente a camareira de um hotel. A briga fica por conta dos países ricos e emergentes que querem seus representantes no poder do órgão financeiro mais importante do mundo. Tradicionalmente ocupado por um europeu, os emergentes rechaçam a tradição e elegem possíveis representantes para o cargo. A função provisoriamente está com o segundo na hierarquia do FMI, John Lipsky, que deixa o órgão em agosto.
No Brasil, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, enviou carta ao G-20 sobre o caso da sucessão. Segundo ele, antes de discutir nomes, alguns critérios deveriam ser estabelecidos para a seleção adequada do diretor-gerente do Fundo. "O FMI não pode ficar para trás nesse processo de mudança institucional. Se o Fundo quer ter legitimidade, seu diretor-gerente deve ser selecionado somente após ampla consulta com os países membros", afirma Mantega, que destaca ainda que o Brasil sempre apoiou a posição de que a seleção deve ser baseada no mérito, independentemente da nacionalidade. "Já se passou o tempo em que poderia ser remotamente apropriado reservar esse importante cargo para um cidadão europeu".
O nome de Armínio Fraga, presidente do Conselho de Administração da BM&FBovespa e ex-presidente do Banco Central (BC), chegou a ser cotado como representando brasileiro. Porém, o economista negou a proposta e acredita que o cargo deve ficar com um europeu. "Não estou envolvido nesta discussão, mas minha leitura é que os europeus, dado o momento que eles vivem, vão preferir manter a tradição e nomear um europeu", falando sobre as fortes crises econômicas que atingem a zona do euro.
Na verdade, nenhum nome brasileiro integra a lista dos prováveis candidatos à chefia do FMI. Porém, é possível que o próximo líder do órgão ainda venha de algum país emergente, como Índia, África do Sul, Turquia e México. A relação de potenciais candidatos, com o apoio de europeus e norte-americanos, inclui a ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, favorita ao cargo e o antigo chefe do Banco Central da Alemanha, Axel Weber. Ainda o ex-ministro da Economia da Turquia, Kemal Dervis, o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens, o ex-ministro das Finanças da África do Sul, Trevor Manuel, o conselheiro econômico do primeiro-ministro indiano, Montek Singh Ahluwlia, o chefe do Banco Central de Isarel, Stanley Fischer, e ainda o ministro de finanças de Cingapura, Tharman Shanmugaratnam. O nome do ex-primeiro-ministro da Grã-Bretanha Gordon Brown foi cogitado e descartado pelos principais analistas econômicos.
Renúncia
O francês Dominique Strauss-Kahn renunciou nesta quarta-feira ao cargo de diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, mas reafirmou que é inocente da acusação de agressão sexual contra a camareira de um hotel de Nova York.
"É com infinita tristeza que hoje me sinto obrigado a apresentar ao Conselho Administrativo minha renúncia ao posto de diretor-gerente do FMI", disse Strauss-Kahn em um comunicado. "Quero dizer que nego, com a maior firmeza possível, todas as acusações que me fizeram", destacou Strauss-Kahn, que está detido na prisão de Rikers Island, em Nova York, a espera da decisão de um Grande Juri sobre se será julgado ou não.
A detenção de Strauss-Kahn sacudiu o cenário político francês um ano antes das eleições presidenciais, para as quais era considerado o candidato favorito do Partido Socialista. Apesar do escândalo, 57% dos franceses consideram que Strauss-Kahn é vítima de um complô, segundo uma pesquisa do instituto CSA.
Com agências