O brasileiro está começando o dia pagando mais pelo café da manhã. Os tradicionais alimentos da mesa estão em alta. Puxados pelo leite, que já começou a registrar elevações nos preços, mesmo antes da entressafra, os derivados como queijo, manteiga e iogurtes também encareceram. O pãozinho não fica para trás. E o preço do café também disparou. Números do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da Fundação Getulio Vargas, referentes à terceira prévia da inflação medida em maio, apontam que no país o leite encareceu 4,31%, nos últimos 30 dias.
Segundo os dados do IBGE, nos últimos 12 meses, o açúcar cristal encareceu 2%, o queijo 4,88%, a manteiga 2,47% e o iogurte 6%. O pão francês, que na mesa disputa com o leite como principal vilão dos reajustes, encareceu 8% no país e 13,7% em Belo Horizonte. No período o café em pó subiu 9,7%, segundo o IBGE. “No início do ano eu pagava R$ 4,80 no pacote de 500 gramas de café, que agora custa R$ 6”, diz a cuidadora de idosos Ilma de Fátima Silva. Ela conta que o lanche diário encareceu R$ 3. “As mesmas coisas que em janeiro eu comprava com R$ 12 agora custam R$ 15.”
Seja em casa ou na lanchonete, o brasileiro não escapa da alta. Nos últimos 12 meses o café da manhã fora do domicílio, que custava R$ 10, agora não sai por menos de R$ 11, a alta média no período foi 11,5%. No ano, a variação acumulada até abril para quem lancha fora de casa é de 4,4%.
Perspectiva ruim
Se depender das perspectivas mundiais, o pãozinho não vai dar alívio para o bolso, nem tão pouco o café. O coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela, diz que este ano, em Minas, a queda estimada para a produção de trigo é de 9%, o que é também o percentual aproximado do país. “Chegaram tarde as notícias de uma seca severa na Europa que deve afetar a safra em países como França, Espanha e também na Polônia.” Com esse horizonte, as pressões na matéria-prima não trazem boas perspectivas para o pãozinho, vedete do café da manhã de quase todo brasileiro. O café não é diferente: “Apesar do início da safra de café, os estoques mundiais estão baixos e a queda de preços não deve ser significativa”, avalia Vilela.
Nos últimos dois meses, a consumidora Ilma Silva aponta o leite como produto que mais tem pesado na primeira refeição do dia. “O litro que custava R$ 1,6 passou para R$ 2,1. O pãozinho também subiu bastante.” Com o mercado interno aquecido e o início da seca no campo, a perspectiva, segundo o coordenador da Faemg, é que o leite e seus derivados só apresentem recuo nos preços a partir de novembro. Quanto ao açúcar, o melhor é adoçar pouco. Com a maior produção de etanol nas usinas, o preço do produto também deve seguir sem grandes quedas nas gôndolas. Pierre Vilela aponta que o reajuste para o produtor é uma prévia do que vem por aí. Segundo ele, nesta safra o custo cresceu 35% no campo em relação ao ano anterior.
Segundo Levantamento do site Mercado Mineiro, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o leite ficou até 12,37% mais caro nos últimos dois meses, puxando produtos como manteiga e queijo, que também encareceram até 16% e 13%, respectivamente. A médica Sandra Profeta calcula que os pequenos valores acabam somando um grande custo. Segundo ela, no acumulado de 2011 os produtos que compõem a cesta do seu café da manhã ficaram 40% mais caros. “De R$ 10 passei a gastar R$ 14 com o lanche”, aponta.