A referência do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao crescimento econômico de Brasil, China e Índia representa o reconhecimento de que os emergentes são atores representativos no cenário internacional. A avaliação é do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Para o chanceler, o discurso na última quarta-feira de Obama, ao lado do primeiro-ministro britânico, David Cameron, tem efeitos positivos.
Porém, Patriota evitou analisar os efeitos da declaração de Obama sobre a manutenção da hegemonia norte-americana e europeia nas discussões referentes às reformas de organismos multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Conselho de Segurança das Nações Unidas.
“Não deixa de ser interessante que o presidente Obama e o primeiro-ministro David Cameron se sintam na obrigação de explicar que existem outros atores como China, Índia e Brasil no cenário internacional que desempenham um papel importante na busca de soluções para desafios globais”, disse Patriota em entrevista concedida ao lado da ministra dos Assuntos Exteriores e da Cooperação da Espanha, Trinidad Jiménez.
O chanceler disse que a menção de Obama, por duas vezes, ao Brasil, à China e à Índia indica um reconhecimento indireto. “Não deixa de ser um reconhecimento, ainda que indireto, da importância desses atores”, disse ele.
Ontem, em discurso no Parlamento inglês, Obama negou que o crescimento econômico dos emergentes represente uma ameaça à hegemonia dos Estados Unidos e dos países europeus. "Países como a China, o Brasil e a Índia estão crescendo rapidamente e criando oportunidades e mercados para as nossas nações”, disse o presidente dos Estados Unidos.
Em seguida, Obama falou da importância do crescimento econômico dos emergentes para o combate das desigualdades sociais. “[Brasil, Índia e China] também conseguiram tirar muitos da pobreza. Essas nações crescem porque se baseiam em princípios de mercado que os Estados Unidos e o Reino Unido sempre defenderam”, disse. “Há quem acredite que tal crescimento [dos emergentes] virá junto com a decadência inevitável da influência de nossos países no mundo. Há quem diga que essas nações são o futuro e nós o passado, mas isso está errado. Este argumento está errado. O tempo para a nossa liderança é agora", afirmou Obama.