Brasília – Uma semana depois de assegurar que o governo não tomará mais nenhuma medida para conter o crescimento da economia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, recuou nessa sexta-feira. Segundo ele, apesar de a atividade estar caminhando em um ritmo moderado, reflexo do aperto imposto pelo Banco Central (BC) no crédito, ações adicionais poderão ser anunciadas para impedir a escalada da inflação. "O governo já tem tomado e continuará adotando todas as medidas para que busquemos o centro da meta de inflação (de 4,5%). O governo não brinca em serviço com a questão inflacionária", disse, durante apresentação na Câmara de Comércio Brasil-França, em São Paulo.
Na avaliação de Mantega, uma desaceleração dos preços já está em marcha por causa da queda recente das commodities (produtos básicos com cotação internacional). Ele alertou, porém, para o perigo de a pressão recente das matérias-primas se espalhar para outros setores. Os comentários vieram depois de a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter superado, no acumulado em 12 meses, o teto da meta definida para o ano, de 6,5%. O ministro ressaltou que o governo atuará em todas as frentes para levar o IPCA para 4,5%. "O ajuste que nós queríamos para 2011 está se consolidando", assinalou
Otimista, ele assegurou que, com a inflação sob controle, neste segundo trimestre a economia estará crescendo próxima de 4,5%. "Não é para parar de crescer, mas para crescer moderadamente", frisou. A seu ver, o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) mundial continuará sendo capitaneado peles países emergentes, com o Brasil consolidando taxas maiores de expansão nos próximos anos.
Desoneração da folha de pagamento
Mantega também afirmou nessa sexta que o governo vai editar medida provisória sobre a desoneração da folha de pagamento. É possível até zerar a contribuição patronal para a Previdência, atualmente em 20%, sobre os salários. Isso deve ocorrer de forma gradual, em até três anos, disse ele.
Para o ministro, a medida dá competitividade à produção nacional. Dependendo do caso, a redução desse custo trabalhista incentiva a formalização de mão de obra ou a contratação de mais empregados com carteira assinada.
O chefe da Fazenda ainda declarou que, para compensar a perda de arrecadação, estimada em R$ 95 bilhões anuais, está em estudo a criação de um imposto sobre o faturamento das empresas,.
A desoneração completa da folha de pagamento foi adiantada por Mantega às centrais sindicais em reunião na quarta-feira. Até agora, o governo vinha falando em baixar a alíquota para 14%, proposta rechaçada pelos sindicalistas.
Para as indústrias, a alíquota em estudo seria de 1,5% a 2% sobre o faturamento. Para setores como serviços e bancos, que empregam menos, a alíquota seria maior.