A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu o dia perto da estabilidade, após uma performance positiva na semana passada. Esse movimento pode abrir espaço para uma realização de lucros nesta segunda-feira, embora não esteja descartado novo incentivo às compras devido à proximidade do fim de mês. A Bolsa também deve sofrer com a falta de liquidez esperada para hoje, devido aos feriados nos Estados Unidos e no Reino Unido. Às 10h18 (horário de Brasília), o índice Bovespa (Ibovespa) tinha leve queda de 0,07%, aos 64.252 pontos.
A semana começou em ritmo lento nos mercados globais, com feriado nos EUA e no Reino Unido paralisando as operações com ações e commodities (matérias-primas). Para o analista da Um Investimentos, Eduardo Oliveira, a pausa nesses mercados deve afetar negativamente o volume financeiro e aguçar a volatilidade.
A partir desta terça-feira, porém, os negócios globais tendem a ganhar tração, com a divulgação de dados sobre atividade no grupo dos países emergentes (Brics), inflação na Europa e o relatório oficial sobre o mercado de trabalho dos EUA (payroll), até sexta-feira. Ao mesmo tempo, os agentes aguardam os desdobramentos da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) na Grécia, da qual podem surgir novas ações para evitar que o país europeu sucumba e que a crise das dívidas soberanas se espalhe ainda mais.
Para essa segunda-feira, por enquanto, a Bolsa volta-se para o cenário inflacionário doméstico, que vem perdendo fôlego. Segundo a pesquisa Focus, do Banco Central, o mercado reduziu pela quarta vez seguida a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano, passando de 6,27% para 6,23%. Para os próximos 12 meses à frente (suavizado), o mercado prevê IPCA em 5,04%, ante 5,11% na semana passada, na quinta queda consecutiva.
Além disso, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) anunciou que o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) ficou em 0,43% em maio, ante 0,45% em abril. O resultado o situa abaixo da mediana prevista por analistas consultados pela Agência Estado, de alta de 0,59%. Assim, segundo Oliveira, "o sentimento local em relação à inflação tenderá a diminuir hoje, o que é positivo para a Bolsa e para setores como consumo, construção civil e bancos".
Esses segmentos podem estimular uma continuidade da trajetória de alta verificada na Bolsa na semana passada, quando registrou quatro pregões seguidos de ganhos e cravou a melhor semana de maio, acumulando valorização de quase 3% no período. Segundo analistas, o movimento, visto como um repique, foi influenciado pela proximidade do fim do mês e pelo rebalanceamento do índice MSCI para junho. Para eles, a Bolsa ainda deve encontrar espaço para seguir em recuperação, embora pressões pontuais de realização de lucros ocorram.
Dólar
O dólar comercial abriu o dia em queda de 0,19%, negociado a R$ 1,596 no mercado interbancário de câmbio. No pregão de sexta-feira, dia 27, a moeda americana caiu 1,05% e foi cotada a R$ R$ 1,599 no fechamento. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o dólar à vista abriu em baixa de 0,19%, a R$ 1,596.
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou nesta manhã que há condições de melhorar a regulação cambial, mas que isso deve ser feito com cautela. A declaração ocorreu durante um seminário sobre o mercado de câmbio para a Copa de 2014, evento organizado pela própria instituição. Apesar de as mudanças regulatórias do mercado de câmbio terem sofrido alterações aos poucos nos últimos anos, as mudanças recentes têm coincidido com ações para facilitar a saída de dólares do País, já que a abundância de recursos tornou-se um problema.
Além da declaração de Tombini, há poucas expectativas para os negócios dessa segunda-feira. O dia é de feriado nos Estados Unidos e na cidade de Londres, o que diminui boa parte dos negócios habituais do mercado internacional de câmbio. Por outro lado, abrem espaço para que o dólar recupere parte das perdas registradas na semana passada diante da maioria das moedas, ainda que com fôlego reduzido.
Sem indicadores que possam lembrar aos investidores a fragilidade da recuperação da economia dos EUA, as preocupações de hoje no mercado internacional voltam a ser com a crise das dívidas soberanas europeias, mais especificamente a da Grécia. A imprensa noticiou, durante o fim de semana, que as metas fiscais do país não foram atingidas. Embora isso tenha sido negado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a notícia pesa no mercado de moedas. Também não foi concluída a avaliação sobre os progressos feitos na economia do país, que poderá avalizar ou não a liberação da segunda parcela de auxílio do fundo. Nem houve consenso também sobre que tipo de ajuda financeira adicional a Grécia precisa e receberá.
No Brasil, o mercado deve concentrar-se nos movimentos que envolvem a formação da ptax que será usada na liquidação dos contratos futuros de junho. Os investidores estrangeiros, que costumam ser fortemente atuantes no interbancário às vésperas de vencimento, estão fortemente vendidos no mercado de derivativos cambiais. Isso pode gerar pressão de baixa nas cotações no decorrer do pregão se o cenário permitir.
MERCADO FINANCEIRO