A promessa de retorno das jazidas de minério de ferro do Norte de Minas, que só ganharam visibilidade com a expressiva alta da matéria-prima no mercado internacional nos últimos anos, atraiu a Vale, segunda maior mineradora do mundo. Os planos da companhia para a região foram oficializados ontem ao governo de Minas Gerais, com um orçamento de R$ 560 milhões em investimentos previstos do ano que vem a 2014, no desenvolvimento e implantação de mina. As reservas da Vale se estendem pelos municípios de Serranópolis de Minas, Riacho dos Machados, Grão Mogol e Rio Pardo de Minas., com potencial de produção de 600 mil toneladas por ano indicado nas pesquisas em andamento.
Conforme nota da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, o diretor da Vale em Minas, Marcelo Guimarães Fenelon, informou que o minério será escoado por rodovia até o pátio de embarque da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela mineradora, em Porteirinha. Do terminal, o material seguirá em linha férrea para escoamento no Porto de Aratu, em Salvador.
Considerado uma nova fronteira da mineração em Minas, o Norte do estado, com reservas estimadas em 20 bilhões de toneladas em 20 municípios, é alvo de investimentos definidos em protocolos anteriores de intenção firmados com o governo estadual. A Mineração Minas Bahia (Miba), em consórcio de investidores, tem projeto para implantar até 2014 uma usina de concentração de minério em Grão Mogol e Rio Pardo de Minas. O grupo Votorantim anunciou, recentemente, parceria com a chinesa Honbridge Holdings Limited, num empreendimento de R$ 3,2 milhões, que compreende mineração, mineroduto como logística de transporte, e porto na Bahia. Em Riacho dos Machados, está, ainda, sendo desenvolvida a reserva de ouro da Mineração Riacho dos Machados.
O projeto da Vale deverá gerar 500 empregos diretos e indiretos na fase de implantação e 250 postos de trabalho, também diretos e indiretos, nas operações da reserva. A companhia distribuiu nota no fim da tarde de ontem informando que vai promover treinamento da mão de obra local, que terá prioridade no preenchimento das vagas.
Alerta com o aço
Depois da invasão histórica de produtos siderúrgicos em 2010, que abocanharam 20% do consumo interno ante uma média de 6% nos anos anteriores, os produtores brasileiros do aço alertam para a crescente queda da presença da indústria nacional no mercado doméstico. Eles cobram do governo a adoção de medidas de defesa comercial para o setor e para o segmento de seus maiores clientes, como construção civil e montadoras de automóveis. Além disso, esperam desoneração dos custos de produção no país, começando pela folha de pagamento. “Todas as cadeias produtivas do aço continuam sendo seriamente afetadas por fatores adversos como câmbio, dumping, guerra fiscal dos estados e especulação com excedentes mundiais", afirmou André Gerdau Johannpeter, presidente do Grupo Gerdau e do Conselho do Instituto Aço Brasil (IABr). Segundo ele, estudo a ser divulgado em julho pelo Instituto Latinoamericano do Aço (Ilafa) revela que a participação dos manufaturados nos cinco maiores Produtos Internos Brutos (PIB) da América Latina, com Brasil e México à frente, recuaram de 17% para 15% na última década. No Brasil, a redução foi de 19% em 2000 para 15% no ano passado. (Colaborou Sílvio Ribas)