O médico Osvaldo Gomes faz parte de uma confraria de apreciadores de vinho e não espera esfriar para abrir uma garrafa, mas, mesmo assim, ele tem uma certeza: “O inverno é um convite para beber vinhos tintos mais encorpados”. Especialista no assunto, o médico faz uma análise do mercado de vinhos. Gomes explica que nos últimos vinte anos houve uma mudança grande, pois pressionado pela produção do novo mundo, leia-se Argentina, Chile, Estados Unidos, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia, os produtores europeus modernizaram as técnicas de produção e, consequentemente, o preço se tornou mais competitivo. “O vinho médio está bom no mundo inteiro”, afirma Gomes.
O enólogo e gerente da enoteca Decanter, Lizandro Neis destaca que o conhecimento dos consumidores é cada vez maior. “Os mineiros estão buscando vinhos da França”, explica Neis, contextualizando que a tendência ocorre mesmo com a prevalência dos sul-americanos. Dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) mostram que a importação cresce anualmente de todas as origens. Os franceses passaram de uma fatia de 3,5% para 4,26% na comparação entre 2009 e o ano passado. Porém a liderança permanece com os chilenos (26,51%), seguido dos argentinos (18,05%), italianos (13%) e portugueses (5,43%).
Neis acredita que o frio pode gerar um aumento nas vendas de vinhos de até 40%, quando comparado às outras estações. “As pessoas procuram vinhos mais encorpados, com mais álcool e que, geralmente, são conservados em barris de carvalho, que os deixa com mais aroma”, explica Neis. O especialista afirma que o frio “exige um pouco mais de gastronomia, pois nos obriga a comer mais”. Por isso, muitas pessoas buscam a casa com uma intenção de preparar um prato e pedem dicas para harmonizar melhor.
O aumento não é maior, segundo o diretor da Casa do Porto, Eduardo Moraes, porque no inverno cai a venda de espumantes e vinho branco. Mas, mesmo assim, ele espera um crescimento na venda de vinhos de 20%. Ele diz que antigamente era muito difícil encontrar um bom vinho francês por menos de R$ 100. Moraes recomenda rótulos do produtor francês Jean Luc Thunevin, vendidos por R$ 70. Na loja o ticket médio de compra é de R$ 80.