O aumento da renda e do nível de emprego do brasileiro nos últimos anos infla o consumo de dois produtos que são símbolos da chamada “classe média emergente”: o queijo e o vinho. A dupla é uma combinação natural e com a chegada do inverno – no próximo dia 21 – a expectativa é que as vendas, já altas devido ao clima frio, fiquem ainda mais fortes, podendo crescer até 40% ante as outras estações do ano. A importação de queijo cresceu incrivelmente quando comparados os três primeiros meses do ano passado com o mesmo período deste ano, passando de 1,5 mil toneladas para 6,8 mil toneladas. Em valores o acréscimo foi de US$ 6,5 milhões para US$ 32 milhões. A importação de vinho segue na mesma toada. Em 2004 os vinhos importados representavam apenas 39,16% do mercado e no ano passado a participação subiu para 75,32%. De acordo com o Instituto do Vinho do Brasil (Ibravin) 70% do vinho tinto vendido no país é comercializado nos meses de junho, julho e agosto.
Na Royal Empório, no Mercado Distrital do Cruzeiro, são mais de 50 marcas de queijo de diferentes origens, como Portugal, Holanda, Itália, Argentina e França, além de marcas nacionais. Diante do maior poder aquisitivo do brasileiro o proprietário João Maurício Moraes decidiu ampliar a oferta, buscando novas importações o que proporcionou um aumento das vendas nos primeiros meses deste ano de 5% quando comparadas ao mesmo período do ano passado.
Mas com a chegada do inverno a perspectiva cresce. De acordo com o gerente da Royal Empório, Luciano Reis, os dias frios levam a um aumento na procura dos queijos de até 20%. “Muitas pessoas pedem dicas para harmonizar o queijo com vinho”, destaca Reis. Existem queijos para todos os bolsos, mas quem estiver disposto a gastar encontra opções como Silton com limão, importado da Inglaterra por R$ 109,76 o quilo e o valioso português Serra da Estrela, vendido por R$ 450,34 o quilo. O industrial Ronaldo Zoroastro foi ao Mercado do Cruzeiro em busca de muçarela de búfala para incrementar um prato que a esposa iria preparar e aproveitou para olhar outros tipos de queijos importados, como o gruyere. “Gosto de misturar com castanha e comer como tira-gosto”, explica o industrial.
A enoteca Decanter se vale do casamento entre queijo e vinho e disponibiliza um espaço, chamado cave, para atender o público da enogastronomia. Na loja são 33 opções, sendo que 25 são importados. Lisandro Neis é enólogo e gerente da loja e defende as harmonizações . “O queijo é um alimento com opções variadas de sabor e grande quantidade de nutrientes além de ser um ingrediente interessante para a gastronomia”, destaca.
Mostras
Na semana que vem o Supermercado Verdemar inicia o festival de queijos e vinhos. O presidente do grupo Verdemar, Alexandre Poni, explica que outros produtos, além dos queijos e vinhos, também têm o consumo acelerado nos dias frios, como outros derivados de leite e achocolatados. Poni analisa que o crescimento da economia do país gera um maior consumo e também possibilita que os consumidores acrescentem novos produtos às compras.
Poni espera vender um volume 20% maior de vinhos neste mês e no próximo. Outro motivo que colabora para o aumento é a queda dos preços. “O câmbio (o real forte em relação ao dólar) favorece o equilíbrio, mas também estamos forçando a barra com os fornecedores para conseguir preços melhores”, afirma Poni, que acredita em preços menores cerca de 15%.
Outra rede que também aposta no frio é a SuperNosso. O diretor de marketing, Marcos Kayser, revela que desde 25 de maio até domingo acontece a feira de vinhos, na loja da Avenida Nossa Senhora do Carmo. São 20 estandes de vinho, com marcas de diferentes locais do mundo, com entrada gratuita. Os vinhos mais vendidos custam entre R$ 29,90 e R$ 39, grande parte de origem nacional, chilena e argentina. Além disso, Kayser diz que aposta também nos queijos, foundes e frios. Desde quarta-feira, no Carrefour Pampulha, acontece a terceira edição do Rotas do Vinho, com comercialização de mais de 400 rótulos, tanto nacionais, quanto das principais importadoras.