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Estado de Minas

Vítimas de golpe ficam cara a cara com Madoff mineiro na 1ª audiência do processo


postado em 16/06/2011 06:00 / atualizado em 16/06/2011 06:13

Depois de passar seis meses e seis dias atrás das grades, desde que foi preso em 22 de dezembro, o empresário Thales Maioline, acusado de articular uma das maiores fraudes financeiras de Minas Gerais, que pode atingir R$ 100 milhões, vai estar pela primeira vez frente a frente com investidores que dizem ter sido vítimas do golpe da pirâmide. Na quarta-feira que vem, já está marcada para as 8h a audiência preliminar de instrução do processo na 4ª Vara Criminal do Fórum Lafayette. Pela ordem, devem ser ouvidas primeiro as oito testemunhas de acusação, depois as 10 testemunhas da defesa e, por último, o réu.

Das oito testemunhas arroladas pelo Ministério Público para depor contra o réu, segundo uma fonte, sete caíram no golpe do clube de investimentos Firv, atraídos pela promessa de juros de 5% a 8% ao mês, bem acima dos rendimentos de 0,6% ao mês da poupança. A oitava testemunha se diz vítima do golpe, mas também é agente da Firv, ou seja, funcionário do clube de investimentos contratado para conquistar clientes capazes de comprar as cotas de participação, que variavam a partir de R$ 2,5 mil a R$ 5 mil, podendo atingir até o valor máximo de R$ 5 milhões encontrado nos registros da Firv. Ao todo, calcula-se que 2 mil pessoas em 14 cidades mineiras tenham investido suas economias em títulos fraudulentos da Firv. Parte das testemunhas será ouvida por meio de carta precatória em sua cidade de origem.

Da parte de Thales Maioline, em princípio, serão 10 testemunhas de defesa, duas a mais que as de acusação. Entre os depoimentos, não estão previstas a participação da irmã de Thales, Yanni Márcia Maioline, nem do ex-sócio Oséas Marques Ventura, que depois da prisão do investidor, tiveram o processo judicial desmembrado e até trocaram de advogado depois de enfrentar desentendimentos. Na praça, Thales ficou conhecido como Madoff mineiro, uma referência ao golpista Bernad Madoff, que aplicou um golpe de US$ 50 bilhões em Wall Street. Ambos se valeram da metodologia da pirâmide financeira: a entrada de dinheiro dos novos investidores paga a permanência dos mais antigos.

Crime comum

Na audiência de instrução (produção de provas) da quarta-feira que vem, nada garante que tudo ocorra dentro do andamento previsto. No processo, que está sob segredo de Justiça, a última audiência, em 4 de maio passado, foi cancelada com todas as testemunhas já dentro da sala de audiência. O contrário também pode acontecer, com o encerramento no mesmo dia, visto que o problema do conflito de competência do juiz já está equacionado. Havia dúvida se o Caso Maddof Mineirose tratava de crime contra o sistema financeiro, de âmbito federal, mas o processo foi para Brasília e voltou. Será julgado agora na esfera comum, como estelionato, formação de quadrilha e uso de falsificação de documento. Também a Polícia Federal saiu do caso, sob a mesma alegação de crime comum.

 

Ganhos acima da média

 

Sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários(CVM), Thales Maioline montou um sistema de pirâmide, pelo qual o rendimento dos novos investidores que entravam na base da pirâmide sustentavam o topo. Aos clientes, ele oferecia rendimento acima da média de mercado (5% ao mês mais bonificação semestral). Tudo funcionou bem até que um investidor tentou sacar R$ 3 milhões e Maioline não teve dinheiro para pagar. O esquema dependia da confiança dos investidores. Muitos preferiam não sacar o dinheiro, ao notar que seus saldos aumentavam rapidamente. Ainda assim, era necessário conseguir novos clientes para poder pagar os benefícios aos antigos.

Thales e seus sócios ofereciam festas luxuosas nas 14 cidades em que a empresa atuava. Os sócios também se vestiam com roupas de grife e dirigiam carros que chamavam atenção. Tudo para criar uma espécie de “clube de sucesso”. O esquema vigorou durante quatro anos, tempo suficiente para conquistar cerca de 2 mil investidores, que aplicaram valores que variam entre R$ 2,5mil até cerca de R$ 5 milhões. O clube começou a funcionar em 2006, com a participação informal de amigos, e por intermédio de corretoras de São Paulo.

Até 2008, operou normalmente com ações e sofreu abalo nos investimentos com a crise econômica. Em 2009, Maioline começou a ter dificuldades em honrar com o pagamento dos bônus aos investidores. A partir daí, ele passou a operar com ações de alto risco com o objetivo de tapar rombos cada vez maiores, em função de os papéis na bolsa estarem em baixa.

 

 


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