Já entra na quinta hora a audiência de instrução do processo por estelionato aberto contra Thales Maioline que começou na manhã quarta-feira na 4ª Vara Criminal do Fórum Laffayete, em Belo Horizonte. Um dos maiores golpistas financeiros de Minas é acusado de dar prejuízo de R$ 100 milhões a 2 mil pessoas em esquema de investimentos financeiro através da empresa Firv.
Thales Maioline chegou ao fórum escoltado por dois policiais usando o uniforme vermelho da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) e assiste aos depoimentos calado. Ele será ouvido depois das dez testemunhas convocadas pelo juiz Milton Lívio Lemos de Sales a depor. Até o momento já foram ouvidas três testemunhas e aA previsão é que a audiência termine ainda nesta quarta-feira.
A ex-mulher do financista, Maria Aparecida Oliveira, e a filha de três anos acompanham a sessão do lado de fora da sala. Essa é o primeiro encontro de Thales com a filha desde que foi preso, em 22 de dezembro.
Segundo uma fonte, sete testemunhas arroladas pelo Ministério Público para depor contra o réu, caíram no golpe do clube de investimentos Firv, atraídos pela promessa de juros de 5% a 8% ao mês, bem acima dos rendimentos de 0,6% ao mês da poupança. Ao todo, calcula-se que 2 mil pessoas em 14 cidades mineiras tenham investido suas economias em títulos fraudulentos da Firv. Parte das testemunhas será ouvida por meio de carta precatória em sua cidade de origem.
Entre os depoimentos, não estão previstas a participação da irmã de Thales, Yanni Márcia Maioline, nem do ex-sócio Oséas Marques Ventura, que depois da prisão do investidor, tiveram o processo judicial desmembrado e até trocaram de advogado depois de enfrentar desentendimentos. Na praça, Thales ficou conhecido como Madoff mineiro, uma referência ao golpista Bernad Madoff, que aplicou um golpe de US$ 50 bilhões em Wall Street. Ambos se valeram da metodologia da pirâmide financeira: a entrada de dinheiro dos novos investidores paga a permanência dos mais antigos.
Entenda o caso
>> Sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários(CVM), Thales Maioline montou um sistema de pirâmide, pelo qual o rendimento dos novos investidores que entravam na base da pirâmide sustentavam o topo. Aos clientes, ele oferecia rendimento acima da média de mercado (5% ao mês mais bonificação semestral).
>> No ano passado, Thales começou a ter dificuldades em honrar compromissos. Em julho, ele foi declarado foragido. A Polícia Civil, então, abriu inquérito para apurar suspeita de estelionato contra Thales e seus sócios. As investigações indicaram que Thales pode ter dado prejuízo da ordem de R$ 100 milhões a mais de dois mil investidores.
>> Maioline foi apelidado de “Madoff mineiro” por causa da semelhança com o esquema montado pelo investidor americano Bernard Madoff, condenado por fraude milionária em Wall Street. Depois de meses foragido, o empresário mineiro se entregou à polícia em dezembro, um dia depois de conceder entrevista ao Estado de Minas avisando que se apresentaria.
>> Em março deste ano, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Maioline e mais três sócios por formação de quadrilha, estelionato e falsificação de documentos. A Justiça acatou a denúncia e transformou os quatro em réus.