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Estado de Minas CONSTRAGIMENTO

Madoff mineiro é cobrado publicamente pelos ex-clientes na primeira audiência no processo


postado em 23/06/2011 07:16 / atualizado em 23/06/2011 10:11

(foto: Marcos Michelinl/EM/DA Press)
(foto: Marcos Michelinl/EM/DA Press)
Na primeira audiência desde que foi preso, há seis meses, em 22 de dezembro, o ex-investidor Thales Maioline, o Madoff mineiro, foi cobrado nessa quarta-feira publicamente pelas vítimas da maior fraude financeira de Minas Gerais, que gerou prejuízo de R$ 100 milhões a 2 mil pessoas em 14 cidades do interior e da capital. Em mais de oito horas de depoimentos, as 10 testemunhas foram ouvidas pelo juiz Milton Lívio, da 4ª Vara Criminal, sem intervalo nem para almoço. Tanto as falas da defesa quanto as da acusação eram unânimes em demonstrar perplexidade diante do encontro cara a cara com o réu, algemado e carrancudo, sem cumprimentar nem acenar a familiares nem ex-funcionários da Firv, que o ajudaram a vender as cotas de participação no clube de investimentos por ele criado em 2008.

Antes do golpe, Maioline vendia a imagem de sucesso, ostentando festas e carros de luxo que serviam de isca para atrair novos clientes, que bancavam a permanência dos antigos no esquema de pirâmide financeira. “Não consigo entender tanta mentira assim. Para mim, ele era um cara honesto, íntegro, um exemplo de pessoa. Se não fosse isso, não teria acreditado nele e investido meu dinheiro”, desabafou uma vítima, ao acompanhar a chegada de Maioline ao Fórum Lafayette, às 8h22, vestindo o uniforme vermelho de prisioneiro do Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) São Cristóvão. E completou: “Só tenho uma palavra para definir esta situação – inacreditável. Acredito que esse sentimento é o mesmo das outras vítimas”. Maioline foi apelidado de Madoff mineiro em referência ao megainvestidor americano Bernard Madoff, que aplicou um golpe estimado em US$ 70 bilhões nos Estados Unidos.

Nos bastidores da audiência de instrução, as vítimas trocavam impressões entre si. Outra investidora, mais realista, dizia ter consciência de que nenhuma outra aplicação do mercado iria lhe proporcionar rendimento de 12% ao mês. “Quem investisse R$ 100 mil, em oito meses retornava o investimento, ou seja, tinha mais R$ 100 mil na mão. Eu estava deixando o meu dinheiro lá até inteirar o valor necessário para comprar meu apartamento, mas não deu tempo. Fiquei sem nada, pois a empresa quebrou antes”, lamentava ela, que continua morando de aluguel e perdeu todas as economias.

“Conheci a Firv por indicação do tio de um amigo, que era colega do Thales na mineração onde ele trabalhava”, afirma o ex-agente da Firv Diogo Estevão Pinheiro Resende, que testemunhou como vítima. Primeiro, ele afirmou ter perdido R$ 1 milhão no clube de investimentos, depois abaixou o valor para R$ 500 mil e recalculou para R$ 400 mil, reconhecendo que o valor ultrapassa mais que o dobro considerando os rendimentos que deveriam ter sido pagos por Maioline antes do golpe. “Ele sempre pagava em dia os dividendos. Ninguém nunca desconfiou de nada”, afirma o investidor, que convenceu a própria mãe, que acabava de se divorciar na época, a investir a parte que lhe cabia dos bens da família nos papéis frios da Firv.


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