A disputa para a eleição de um novo chefe do Fundo Monetário Internaciol (FMI) tinha tudo para ser uma excelente oportunidade para que o grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) demonstrasse sua força, mas acabou revelando as limitações dessa aliança, dizem analistas. De acordo com os especialistas, os BRICS têm se apresentado como uma grande força nascente frente as potência ocidentais e sua influência aumentou com o agravamento da crise financeira mundial, que golpeou a Europa e Estados Unidos.
Os mandatários desses cinco países celebraram sua última reunião em abril deste ano, na China, durante a qual coordernaram posições sobre temas que vão desde a mudança climática até a guerra na Líbia. A renúncia de Dominique Strauss-Kahn ao cargo de diretor-geral do FMI parecia então ter brindado uma oportunidade de ouro para uma de suas principais reivindicações: o fim do domínio ocidental sobre as instituições militares.
Ao final de maio, os BRICS emitiram um comunicado que exigia acabar com a convenção não escrita e obsoleta de atribuir a direção do FMI a um europeu e a liderança do Banco Mundial a um americano, algo vigente desde a criação dessas instituições após as guerras mundiais. As consultas entre os BRICS se reveleram incondizentes e no dia 10 de junho quando se encerrou o
O Brasil só confirmará sua posição às vésperas da eleição, no dia 30 de junho. "Os BRICS não constituem uma força diplomática, pois seus membros têm pouco em comum fora o fato de serem países emergentes", disse Jayshree Sengupta, do centro de estudos Observer Research Foundation, de Nova Delhi.
Segundo os especialistas, os interesses dos BRICS parecem difíceis de serem alinhados. Entre eles há casos como o da China, que possui descomunais necessidades de matérias-primas, e países como Rússia e Brasil, que são grandes exportadores de matéiras-primas. Essa situação contrasta com a do G7, dos países ricos, todos com economias industrializadas. O controle cambial da moeda chinesa também é tema polêmico dentro do grupo.
"Se os BRICS de fato quisessem impedir a nomeação de um europeu, teriam conseguido", disse Edwin Truman, investigador do Peterson Institute for International Economics. de Washington. "E se todos tivessem apoiado Cartens, outros países em vias de desenvolvimento os teriam seguido", completou. Para Mark Wesbrot, co-diretor do Center for Economic and Policy Reserach, também de Washington, "Não há nenhuma dúvida de que o mundo é cada vez mais multipolar e que os Estados Unidos já não têm a mesma liderança de antes. "Essa tendência se acelerará", diz.