Defensora das relações com os Estados Unidos antes de se tornar um elemento fundamental da política de Nicolas Sarkozy, a ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, de 55 anos, designada nesta terça-feira diretora-gerente do FMI, adquiriu notoriedade internacional com a crise.
Após a queda de Dominique Strauss-Kahn, o presidente francês decidiu impulsionar a candidatura desta mulher elegante de cabelos quase brancos, queridinha da imprensa anglo-saxã, apesar de um processo judicial que pode manchar sua imagem na França. A justiça se pronunciará no dia 8 de julho sobre uma eventual investigação de Lagarde por abuso de autoridade em um caso muito complexo envolvendo o empresário Bernard Tapie.
"Tenho a consciência perfeitamente tranquila", afirmou diversas vezes nas últimas semanas Christine Lagarde em relação ao recurso a uma arbitragem privada para regular um litígio que custará aos contribuintes franceses 385 milhões de euros. Este caso ensombrece o fim do mandato de quatro anos de Christine Lagarde à frente do poderoso Ministério da Economia e das Finanças, um recorde de longevidade na França.
Embora fosse a favorita da influente imprensa econômica anglo-saxã, ela realizou uma verdadeira peregrinação nas últimas semanas para ganhar a confiança dos países emergentes, prometendo dar a estes um lugar ao sol no FMI.
No mesmo caminho, o Financial Times a considerou a ministra das Finanças de 2009 por seu "desempenho" internacional frente à mais grave recessão mundial do pós-guerra, enquanto a revista americana Forbes a colocou como a 17ª mulher mais poderosa do mundo.
Considerada dura e arrogante por seus críticos, Lagarde construiu grande parte de sua carreira nos Estados Unidos, onde chegou à presidência do Baker & Mckenzie, conhecido escritório de advocacia empresarial. Nascida de pais professores no dia 1º de janeiro de 1956 em Paris, Christine Lagarde é formada em Ciência Política, concluiu um mestrado em Inglês e também é diplomada em Direito Social e da Concorrência.
Seus aliados elogiam a sua "cultura da negociação multilateral" e suas "redes". Ela explica que as mulheres "projetam menos libido, menos testosterona" na política. "Isso ajuda" a "não investir necessariamente nossos egos em uma negociação", disse ela em outubro de 2010 à rede americana ABC.
Para esta ex-campeã de nado sincronizado, mãe de duas crianças, a estreia na arena política francesa também foi marcada por tropeços. Logo depois de chegar de Chicago em junho de 2005 para integrar o governo no área de Comércio Exterior, ela foi advertida por ter criticado o Direito Social francês - que protege o trabalhador -, por suas afirmações manifestando uma sensibilidade liberal americana demais.
Depois de chegar à Presidência da França, Nicolas Sarkozy a colocou em posição de destaque em junho de 2007: após uma passagem relâmpago pela Agricultura, ela se tornou a primeira ministra da Economia e das Finanças. Hoje, o presidente francês e seus colegas europeus esperam que sua presença em Washington ajude a resolver a grave crise que ameaça a Grécia e toda a Zona do Euro.