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Estado de Minas

Fusão de gigantes do varejo pode gerar demissões

União, se aprovada, deve gerar ganhos de escala e corte de custos para Pão de Açúcar e Carrefour


postado em 29/06/2011 06:00 / atualizado em 29/06/2011 06:13

 

Se for concretizada, a fusão entre os dois gigantes do varejo brasileiro , Pão de Açúcar e Carrefour, vai proporcionar às duas empresas ganhos de escala que envolvem ampliação de pontos comerciais normalmente escassos nos grandes centros, maior peso no mercado e aumento do poder de barganha junto aos fornecedores. Mas o ganho principal serão os cortes de custos, já que operações similares, como é o caso das atividades dos dois grupos, reduzem despesas e aumentam o faturamento. A expectativa é que haja demissões num primeiro momento, já que certamente muitas áreas se sobrepõem. Para o consumidor, pode haver ganho numa eventual queda de preços, mas a maior vantagens vai para as empresas, que engordarão mais ainda o seu caixa.

“Todo processo de união de empresas desse calibre tem como ganho fundamental a escala. Hoje no Brasil as principais marcas já têm os seus postos estratégicos ocupados, não importa qual a localização. Existem poucos lugares vagos para a implantação de novas lojas”, diz Marco Aurélio Militelli, consultor em fusões e aquisições e conselheiro da Associação Brasileira de Franchising (ABF). De acordo com ele, isso determina que a expansão de uma cadeia deve passar obrigatoriamente pelo estudo de aquisição de outra cadeia, seja ela similar ou não. Diante disso, um dos motores da decisão do Pão de Açúcar foi a necessidade de expansão, avalia o especialista.

Com compra do Ponto Frio, Abílio Diniz se fortaleceu no comércio de eletrônicos e de eletrodomésticos(foto: Renato Weil/EM/D.A Press-8/1/10)
Com compra do Ponto Frio, Abílio Diniz se fortaleceu no comércio de eletrônicos e de eletrodomésticos (foto: Renato Weil/EM/D.A Press-8/1/10)
Essa é uma operação que a rede de Abílio Diniz está acostumada a fazer. Em junho de 2009 comprou a rede Ponto Frio e tornou-se líder no varejo brasileiro, com cerca de R$ 26 bilhões de faturamento. Em seguida, arrematou os 40% restantes de participação que ainda não detinha do capital da rede Assai, com atuação no segmento conhecido como “atacarejo”. Em seguida, mas também em 2009, anunciou a fusão de operações com a Casas Bahia. “Abílio está se fortalecendo em áreas distintas. O negócio com a Assaí marca a entrada no ramo do atacado. Além disso, o empresário fortaleceu a presença do Pão de Açúcar no ramo de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, com a aquisição do Ponto Frio e a fusão com a Casas Bahia”, explica.

Na avaliação do sócio da área de fusões e aquisições da KPMG no Brasil, Luiz Motta, os impactos do negócio para o consumidor poderão se traduzir em queda de preços em médio prazo. “Se eles não fizerem isso, seus concorrentes, que também são grandes, o farão”. Já os empregos via de regra serão encolhidos num primeiro momento. Depois, a tendência de aumentar o número de contratações, avalia Motta. Isso ocorre porque, segundo ele, o crescimento das redes que passam por processos de consolidação leva à demanda por mais profissionais. “Acaba sempre faltando mão de obra qualificada num país em crescimento.”

Para Adilson Rodrigues, superintendente da Associação Mineira dos Supermercados (Amis), o impacto da operação em Minas não será significativo. Ele explica que o mercado mineiro de supermercados é muito pulverizado, diferentemente do que ocorre no Sul do país. “O negócio não é uma ameaça. Para o consumidor pode até melhorar porque vai aumentar a concorrência”.

Consolidação

Luiz Motta explica que a economia brasileira tende à consolidação e que o varejo é o setor onde isso começou a acontecer primeiro. “O varejo fica entre o consumidor final e os fornecedores, que normalmente são empresas muito grandes. As empresas estão se consolidando por causa de ganhos de escala e produtividade. A união aumenta as receitas. E os custos não se elevam na mesma proporção. Todo negócio que precisa de grandes volumes tende a se consolidar”, resume. Segundo ele, entre as últimas operações de consolidação que chamaram a atenção no país, a maioria envolve o Pão de Açúcar.

Em outros setores, porém, o caminho é o mesmo. No ramo varejo da moda isso já vem ocorrendo, porém com mais discrição, já que ali é importante preservar marcas. “Por isso as estratégias são diferentes”, diz Motta

Rede ampliada


Presença das empresas em Minas e no Brasil

Grupo Pão de Açúcar


>> O Grupo Pão de Açúcar possui 128 lojas em Minas entre unidades do Extra, Casas Bahia e Ponto Frio
>> No Brasil, são 151 unidades da loja Pão de Açúcar, 114 da Extra Hipermercado, 93 da Compre Bem, 118 da Extra Supermercados, 67 da Extra Fácil, 59 da Açaí, 453 da Ponto Frio e 524 das Casas Bahia.
>> Em BH e Região Metropolitana, há 4 unidades do Extra Hipermercado: Minas Shopping, Belvedere, Santa Efigênia e Contagem

Carrefour

>> Hipermercado: Uberaba, Uberlândia, Juiz de Fora, Contagem. Pampulha, Shopping Del Rey, Boulevard Shopping. BH Shopping
>> Carrefour Bairro: 17 lojas na RMBH
>> O Carrefour tem 114 hipermercados no Brasil, 50 supermercados, 130 drogarias, 79 postos de combustível e 75 unidades da rede Atacadão, com presença em 140 municípios.

Fonte: Pão de Açúcar , Carrefour e Associação Mineira de Supermercados

Restrições

Os órgãos concorrenciais brasileiros viram com preocupação a possibilidade de Pão de Açúcar e Carrefour se fundirem. Especialistas creem que dificilmente a operação será aprovada sem restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Mesmo antes do anúncio oficial nessa terça-feira, integrantes do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência encomendaram estudos técnicos sobre o mercado de varejo brasileiro para entender o tamanho da concentração possível e se antecipar à fusão. Esses dados poderão levar o Cade a firmar um Acordo de Reversibilidade da Operação com as empresas.


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