Incapacidade na rede 3G da TIM pode ser a justificativa para os constantes problemas enfrentados pelos clientes da operadora em todo o país desde o início do ano. O sinal cai várias vezes ao dia, é impossível fazer ou receber ligações, o acesso à internet fica lento com frequência, mensagens de chamadas perdidas chegam à caixa de entrada a toda hora. Justamente por causa da suspeita de ampliar a base de usuários sem ter infraestrutura, a operadora foi proibida de comercializar novos aparelhos no Ceará, este mês, e no Rio Grande do Norte, no início do ano. Desde janeiro, a empresa é a campeã de reclamações no ranking da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) entre as operadoras de telefonia móvel.
Em contato telefônico com o serviço de atendimento ao consumidor da operadora na tarde dessa terça-feira, o Estado de Minas ouviu orientação, que pode ser considerada abusiva, de que a solução temporária do problema estaria na desabilitação do acesso do aparelho à frequência 3G. Ou seja: usar o aparelho com a qualidade 2G, mesmo pagando pelo 3G. Em comparação, seria como usar internet em velocidade discada, pagando preço de banda-larga .
O produtor cultural Diego Ribeiro, a advogada Roberta Dos Anjos e o publicitário Eduardo Pinto também habituaram-se nos últimos meses aos constantes contatos com o serviço de atendimento da operadora. Todos relatam que passam horas sem receber ligações, mesmo quando os mostradores de sinal dos aparelhos indicam suposta eficiência na cobertura. “Passa um tempo e chegam aquelas mensagens avisando que tantas pessoas tentaram me ligar e não conseguiram, como se meu telefone estivesse desligado”, reclama Roberta.
Quem depende do telefone para trabalhar, como Diego e Joana, cujas empresas têm planos corporativos com a operadora, é obrigado a usar alternativas como o e-mail para se desculpar com fornecedores e clientes. “Não dá mais para confiar no serviço”, diz Diego. Eduardo reclamou várias juntos no Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da operadora, anotou os protocolos e repassou a queixa à Anatel. De acordo com o Procon em Minas, ação do Ministério Público do estado pode ser ajuizada, caso o volume de reclamações aumente.
Boicote eletrônico
No Facebook, quase 10 mil pessoas confirmaram presença em evento virtual batizado de “Boicote à Tim”. A página, que reúne as reclamações dos insatisfeitos, propunha que os clientes da operadora passassem o dia 16 de junho sem usar os serviços da companhia.
A TIM informou, por meio de nota, que vem cumprindo as determinações judiciais em "plena cooperação com as autoridades" e trabalhando em projetos de ampliação e melhoria da cobertura. De acordo com a companhia, dos R$ 2,9 bilhões em investimentos anunciados para este ano, 85% são direcionados para infraestrutura.
Saiba mais
2G
>> A rede de telefonia Edge, muito comum no Brasil antes da chegada do 3G, não foi criada para transmissão de dados em alta velocidade. Assistir vídeos ou baixar imagens e anexos de e-mail são procedimentos que ficam muito lentos. O máximo da velocidade é 560 kbit/s
3G
>> A tecnologia que sucede o 2G permite, na teoria, maior quantidade de serviços avançados, com velocidade e qualidade, atingindo taxas de 5 a 10 megabits/s. Os planos telefônicos comercializados hoje cobram pela entrega desse serviço, mas o setor carece de regulação quanto à velocidade mínima dos planos de dados
Como reclamar
Anatel
>> Quando contatar a operadora, o cliente deve anotar o número de protocolo de atendimento e informar esse número quando fizer a reclamação junto à Anatel pelo www.anatel.gov.br ou 1331 e 1332 (para deficientes)
Procon
>> Munido do número do protocolo do atendimento na operadora, o cliente pode ligar para o (31) 3250-5010 ou enviar e-mail para proconcr@mp.mg.com.br