O Banco Central enfatizou no Relatório Trimestral de Inflação divulgado hoje o impacto dos reajustes dos salários na inflação. "O Copom avalia que um risco muito importante para a dinâmica dos preços ao consumidor advém da dinâmica dos salários", afirmou. A palavra "muito" foi incorporada ao documento em relação à versão de março. O BC lembra que haverá concentração de negociações salariais importantes no segundo semestre, quando a inflação acumulada em 12 meses se encontrará em níveis próximos ao teto da meta, de 6,5%.
Na avaliação da autoridade monetária, o mercado de trabalho se mostra aquecido, a despeito de sinais bem incipientes de
Para o Banco Central, "um aspecto crucial" é a possibilidade de o aquecimento no mercado de trabalho levar à concessão de aumentos reais dos salários em níveis não compatíveis com o crescimento da produtividade. Segundo o relatório, algumas evidências disponíveis mostram que aparentemente isso tem ocorrido em certos setores. "Em ambiente de demanda aquecida, esses aumentos salariais tendem a ser repassados aos preços ao consumidor", destaca. O BC afirma que a moderação salarial constitui elemento-chave para a obtenção de um ambiente macroeconômico com estabilidade de preços.
Preocupado com o impacto do aumento da renda na dinâmica da inflação, o BC discretamente indicou ter alguma preocupação com os reajustes previstos para o salário mínimo, que nos próximos anos será corrigido pela inflação mais a variação do PIB de dois anos antes de cada reajuste. "Os aumentos previstos para o salário mínimo nos próximos anos podem impactar direta e/ou indiretamente a dinâmica dos preços ao consumidor", menciona o BC, sem entrar em mais detalhes. Para 2012, ano em que a autoridade promete entregar a inflação em 4,5%, o salário mínimo deve subir mais de 10%.