O diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, voltou a afirmar hoje que o ano de 2011 não será fácil para a indústria de transformação. Além da taxa de câmbio fora do lugar na avaliação da indústria, que aparece na primeira fileira dos principais fatores que contribuem para a deterioração da atividade fabril, o executivo também culpa a inflação.
De acordo com o diretor da Fiesp, todas as medidas adotadas pela equipe econômica do governo com o objetivo de conter a inflação caminham no sentido de reduzir a atividade econômica. "Só por isso a indústria já seria afetada. Adiciona-se a isso a taxa de câmbio agressiva", reclamou Francini, em entrevista na sede da entidade, após divulgação do Indicador do Nível de Atividade(INA) de maio.
O INA cresceu 1% em maio na comparação com abril, já considerando os ajustes sazonais, mas os dados de abril foram revisados para baixo tanto na série com ajuste sazonal como na série, sem ajuste. O INA de abril, com ajuste sazonal, foi revisado de uma alta de 0,6% para uma queda de 0,4%.
Para Francini, enquanto o PIB neste ano deverá crescer à razão de 4%, a indústria de transformação deverá encerrar com uma expansão de 3%, mas com um detalhe: a maior parte deste avanço decorre do carregamento estatístico do bom desempenho do setor no ano passado. "Um PIB de 4% não é de chorar, mas para a indústria de transformação, o ano não será nada fácil", disse.
Francini também recorreu a dados da Pesquisa Sensor Fiesp - que mede a confiança dos industriais - para demonstrar seu desapontamento em relação ao cenário econômico e seus impactos sobre a atividade industrial. O Sensor, que em março esteve em 56,9 pontos, caiu para 54,9 pontos em abril, foi a 52,2 em maio e agora em junho caiu a 50,3 pontos. De acordo com Francini, de modo geral, o Sensor tem rodado próximo de 50 pontos, ou perto do que ele chama de neutralidade.
O estoque, por exemplo, que é um dos cinco itens que compõem o Sensor da Fiesp, que em abril tinha atingido 53,5 pontos, volume indesejável, passou para 44,3 pontos em maio e agora em junho voltou a subir, para 47,8 pontos. Isso ocorreu, de acordo com o diretor da Fiesp, porque as expectativas dos industriais com relação à demanda em junho não se concretizaram. As vendas, que em abril tinham atingido 52,6 pontos, foram a 51,3 pontos em maio e a 50,5 pontos em junho. "Como as vendas caíram, as expectativas em relação ao aumento da demanda acabaram se revertendo em estoques", observou.