O Banco Central Europeu (BCE) não participará no acordo que os credores privados podem alcançar sobre a Grécia, que está sendo debatido atualmente no continente, afirmou o presidente da instituição, Jean-Claude Trichet, em Bruxelas. "Fala-se de um envolvimento do setor privado e não de um envolvimento do setor público. Eu já disse que não contemplamos participar", declarou Trichet em resposta a uma pergunta de um membro da Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento europeu.
Trichet já havia declarado no início de junho que o BCE não pretende participar em um 'roll-over' da dívida grega, opção que se mostra a favorita. Mas disse que rejeita qualquer solução similar a um 'default'. O 'roll-over' consiste em que os credores mantenham os compromissos de maneira voluntária. A cada vencimento dos títulos voltam a comprá-los pelo valor que receberam, adiando progressivamente os vencimentos da dívida. Nesta quinta-feira, Trichet também repetiu que o BCE se opõe a qualquer tentativa de envolver o setor privado em um novo plano de resgate da Grécia que está sendo negociado com base voluntária.
Taxa excluisva
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, declarou nesta quinta-feira ser contrário à adoção de uma taxa sobre as transações financeiras apenas na Europa, que para ele penalizaria a União Europeia (UE). "Uma taxa imposta na Europa e não fora se traduziria em uma perda da atividade importante para a Europa", disse Trichet à Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu em Bruxelas. "Não podemos esquecer que a indústria financeira, que deve ser regulada, controlada, é uma indústria importante para todas as regiões do mundo", acrescentou Trichet. A Comissão Europeia propôs na quarta-feira a adoção de uma taxa sobre as transações financeiras e um Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) para alimentar o futuro orçamento da UE.
Saques gregos
Os depositantes retiraram 10 bilhões de euros dos bancos da Grécia em maio e junho, segundo informações de um jornal local, à medida que as preocupações com uma declaração de moratória sobre a dívida do governo se intensificaram. Citando fontes de bancos, o jornal Kathimerini disse que parte dos recursos sacados foram transferidos para o Chipre, onde os depósitos bancários aumentaram 2,1 bilhões de euros em maio.
O Banco da Grécia ainda não divulgou os dados sobre depósitos de maio. Em abril, os depósitos mantidos nos bancos por empresas e pessoas físicas gregas caíram 1,2% na comparação com março, para 196,76 bilhões de euros, estendendo uma contração que agora dura quase dois anos. Com os receios sobre a Grécia se intensificando antes das importantes votações do Parlamento grego nesta semana, houve especulação de que os gregos estariam sacando seus depósitos ou comprando ouro.
Em 27 de junho a agência de classificação de risco Moody's afirmou que os bancos gregos haviam perdido cerca de 8% dos depósitos desde o começo do ano. Analistas dizem que os dados de maio podem refletir também saques feitos pelo Estado grego para honrar cerca de 9 bilhões de euros em bônus que venceram naquele mês.
Conflitos na Grécia
O governo grego ordenou uma investigação dos violentos confrontos, sobretudo da atuação policial, nos protestos de quarta-feira em Atenas contra o plano de ajuste aprovado pelo Parlamento, que deixaram mais de cem feridos. A investigação foi ordenada pelo ministro de Proteção do Cidadão, Christos Papoutsis, após a divulgação de vídeos que mostram a ação de pessoas encapuzadas contra manifestantes violentos.
"Papoutsis ordenou ao chefe da polícia uma investigação minuciosa para esclarecer o caso das imagens exibidas pelo canal de televisão privado Alter na quarta-feira à noite", afirma um comunicado ministerial. Centenas de manifestantes violentos e de policiais se enfrentaram na quarta-feira durante horas em uma verdadeira batalha campal. As fachadas de quatro agências bancárias e a do Correio Central perto da Praça Syntagma (sede do Parlamento) sofreram graves danos.