Na guerra de mercado travada entre os pequenos fabricantes de refrigerante e a gigante Coca-Cola, quem vai se beneficiar são os moradores da Itabirito, na Região Central do Estado. A cidade foi escolhida para receber a nova fábrica da Coca-Cola FEMSA Brasil, com investimentos de R$ 250 milhões (US$ 146 milhões) e a previsão de gerar mil empregos. A unidade, que vai ocupar um terreno de 300 mil metros quadrados, será uma das cinco maiores do mundo e vai consolidar a posição da Coca no mercado. Para enfrentar o poderio da gigante mundial, os fabricantes tubaínas, marcas regionais de refrigerantes, prometem brigar. Ameaçados pelas gigantes Coca-Cola e Ambev, eles já se uniram numa associação e prometem ir ao governo federal reclamar condições igualitárias de mercado. No último ano, investiram cerca de R$ 70 milhões em novas fábricas, maquinário, logística e lançamento de produtos.
Amparadas pela mobilidade social, essas fábricas ocupam nichos de mercado e exibem vendas crescentes. Mesmo assim, as indústrias de tubaína temem a possibilidade de ficarem cada vez mais espremidas – e menos competitivas – em seu nicho de mercado. Por isso, se unem umas às outras, como é o caso da Mate Couro e do grupo Coroa, que são franqueados um do outro no Espírito Santo e em Minas, respectivamente. Além da troca de figurinhas entre empresas com interesses em comum, os fabricantes regionais, por meio da associação Refri Brasil, criaram uma central de compras que permite negociar preços mais baixos com os fornecedores. Eles compram juntos tudo o que podem: de rolhas a rótulos, além das próprias garrafas.
O presidente da entidade, Ademar Watanabe, explica que como foi criada há um ano, a Refri Brasil já reúne condições legais para levar “alguns pleitos” ao governo federal no sentido de “regular o mercado de forma mais justa”. Ele se refere à desproporção de forças entre os grandes fabricantes e os pequenos, que enfrentam dificuldades de colocar os seus produtos nos restaurantes em várias regiões do país. “Os refrigerantes regionais deveriam representar a cidade e a região onde são fabricados, mas em vez disso não conseguem romper a barreira dos grandes e entrar nesses estabelecimentos. Pleiteamos a liberdade de comércio e queremos evitar que o poder econômico seja preponderante no mercado”, observa.
Fábrica nova mais rápido
A Coca-Cola tem pressa para crescer no mercado mineiro. “A ideia é começar as obras o mais rápido possível. Esperamos inaugurar no fim do ano que vem para talvez ainda aproveitarmos o verão de 2012”, afirma O diretor de operações da Coca-Cola FEMSA Brasil, Ricardo Botelho. A opção por ampliar os negócios no estado foi motivada pelo limite físico da fábrica de Belo Horizonte, que está em sua capacidade máxima de produção, estimada em 1,4 bilhões de litros ao ano. A nova produção anunciada representará um incremento de aproximadamente 47% em relação a produção atual.
O presidente da Coca-Cola Femsa Mercosul garantiu que a fábrica na capital mineira funcionará juntamente com a nova. “Futuramente ela será transformada em um centro logístico para distribuição dos produtos da Coca”, antecipou. O novo empreendimento irá atender à demanda crescente do mercado mineiro e também da região serrana do Rio de Janeiro.
Lázio Divino Pinto, gerente de vendas da Mate Couro, explica que a fábrica vai investir R$ 1,3 milhão em 2011 . Ele acredita que há muito espaço para crescer, mas admite que o investimento anunciado pela Coca Cola assusta. “O poder econômico é muito forte, a publicidade assusta. Eles (Coca e Ambev) têm geladeiras em todos os bares, compram espaços em supermercados e vão ficar caca vez mais fortes. A nova fábrica vai dificultar mais ainda a vida dos concorrentes pequenos em Minas. Nós ficamos com uma beiradinha desse mercado”, diz, referindo-se às indústrias de tubaínas.
Impacto positivo
Nessa guerra, Itabirito vai se beneficiar conquistando sua “independência” de uma receita ainda muito associada ao desempenho da mineração, atividade ligada à história do município de 43 mil habitantes. Na geração de empregos na nova fábrica, estimados em 1 mil vagas na operação da planta industrial, deverão ganhar oportunidades na cidade mineradora os moradores de pelo menos outras cinco cidades distantes até 25 quilômetros: Belo Vale, Moeda, Brumadinho, Nova Lima e Congonhas.
Em Itabirito, o secretário municipal de desenvolvimento econômico, Geraldo Magno de Almeida, já pôs no papel a dimensão do impacto financeiro da fábrica. Tomando por base a produção anunciada pela empresa de 2,2 bilhões de litros de refrigerantes por ano, a arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) deverá alcançar R$ 250 milhões. A cota parte da cidade histórica alcançaria, portanto, R$ 50 milhões anuais. A cifra, que começa a entrar no caixa do município em 2013, representa o dobro da receita atual originada do tributo.
O setor industrial responde, atualmente, por 60% da arrecadação de ICMS local. Os royalties da exploração de minério de ferro pagos pela Vale S/A, entretanto, são um naco representativo das contas municipais, que gira em torno de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões, por meio dos royalties da atividade (a Compensação Financeira pela Exploração Mineral). A quantia significa pouco menos de um terço da receita total da prefeitura, de R$ 100 milhões. “Além da diversificação da economia, ganhamos independência financeira. Os próximos prefeitos não vão precisar mais sair com o pires nas mãos em busca de recursos para o caixa”, afirma o secretário Geraldo Almeida.
Mão de obra
Num cenário de escassez de mão de obra, a Prefeitura de Itabirito e a Coca Cola acertaram um programa de formação de pessoal. Só o posto do Sistema Nacional de Emprego (Sine-MG) instalado em Itabirito tem 600 vagas em aberto, à espera de candidatos. Além da fábrica de refrigerantes, empresas como a Vale precisam de trabalhadores e têm dificuldade de encontrar pessoal qualificado, o que reforça as iniciativas de treinamento em várias áreas. Haverá demanda de empregos também em duas dezenas de micro e pequenas empresas prestadoras de serviços de mineração, mecânica e reciclagem que anunciaram a intenção de se instalar no distrito industrial Marzagão, criado recentemente em Itabirito. Os projetos somam R$ 12 milhões até 2012.
Amparadas pela mobilidade social, essas fábricas ocupam nichos de mercado e exibem vendas crescentes. Mesmo assim, as indústrias de tubaína temem a possibilidade de ficarem cada vez mais espremidas – e menos competitivas – em seu nicho de mercado. Por isso, se unem umas às outras, como é o caso da Mate Couro e do grupo Coroa, que são franqueados um do outro no Espírito Santo e em Minas, respectivamente. Além da troca de figurinhas entre empresas com interesses em comum, os fabricantes regionais, por meio da associação Refri Brasil, criaram uma central de compras que permite negociar preços mais baixos com os fornecedores. Eles compram juntos tudo o que podem: de rolhas a rótulos, além das próprias garrafas.
O presidente da entidade, Ademar Watanabe, explica que como foi criada há um ano, a Refri Brasil já reúne condições legais para levar “alguns pleitos” ao governo federal no sentido de “regular o mercado de forma mais justa”. Ele se refere à desproporção de forças entre os grandes fabricantes e os pequenos, que enfrentam dificuldades de colocar os seus produtos nos restaurantes em várias regiões do país. “Os refrigerantes regionais deveriam representar a cidade e a região onde são fabricados, mas em vez disso não conseguem romper a barreira dos grandes e entrar nesses estabelecimentos. Pleiteamos a liberdade de comércio e queremos evitar que o poder econômico seja preponderante no mercado”, observa.
Fábrica nova mais rápido
A Coca-Cola tem pressa para crescer no mercado mineiro. “A ideia é começar as obras o mais rápido possível. Esperamos inaugurar no fim do ano que vem para talvez ainda aproveitarmos o verão de 2012”, afirma O diretor de operações da Coca-Cola FEMSA Brasil, Ricardo Botelho. A opção por ampliar os negócios no estado foi motivada pelo limite físico da fábrica de Belo Horizonte, que está em sua capacidade máxima de produção, estimada em 1,4 bilhões de litros ao ano. A nova produção anunciada representará um incremento de aproximadamente 47% em relação a produção atual.
O presidente da Coca-Cola Femsa Mercosul garantiu que a fábrica na capital mineira funcionará juntamente com a nova. “Futuramente ela será transformada em um centro logístico para distribuição dos produtos da Coca”, antecipou. O novo empreendimento irá atender à demanda crescente do mercado mineiro e também da região serrana do Rio de Janeiro.
Lázio Divino Pinto, gerente de vendas da Mate Couro, explica que a fábrica vai investir R$ 1,3 milhão em 2011 . Ele acredita que há muito espaço para crescer, mas admite que o investimento anunciado pela Coca Cola assusta. “O poder econômico é muito forte, a publicidade assusta. Eles (Coca e Ambev) têm geladeiras em todos os bares, compram espaços em supermercados e vão ficar caca vez mais fortes. A nova fábrica vai dificultar mais ainda a vida dos concorrentes pequenos em Minas. Nós ficamos com uma beiradinha desse mercado”, diz, referindo-se às indústrias de tubaínas.
Impacto positivo
Nessa guerra, Itabirito vai se beneficiar conquistando sua “independência” de uma receita ainda muito associada ao desempenho da mineração, atividade ligada à história do município de 43 mil habitantes. Na geração de empregos na nova fábrica, estimados em 1 mil vagas na operação da planta industrial, deverão ganhar oportunidades na cidade mineradora os moradores de pelo menos outras cinco cidades distantes até 25 quilômetros: Belo Vale, Moeda, Brumadinho, Nova Lima e Congonhas.
Em Itabirito, o secretário municipal de desenvolvimento econômico, Geraldo Magno de Almeida, já pôs no papel a dimensão do impacto financeiro da fábrica. Tomando por base a produção anunciada pela empresa de 2,2 bilhões de litros de refrigerantes por ano, a arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) deverá alcançar R$ 250 milhões. A cota parte da cidade histórica alcançaria, portanto, R$ 50 milhões anuais. A cifra, que começa a entrar no caixa do município em 2013, representa o dobro da receita atual originada do tributo.
O setor industrial responde, atualmente, por 60% da arrecadação de ICMS local. Os royalties da exploração de minério de ferro pagos pela Vale S/A, entretanto, são um naco representativo das contas municipais, que gira em torno de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões, por meio dos royalties da atividade (a Compensação Financeira pela Exploração Mineral). A quantia significa pouco menos de um terço da receita total da prefeitura, de R$ 100 milhões. “Além da diversificação da economia, ganhamos independência financeira. Os próximos prefeitos não vão precisar mais sair com o pires nas mãos em busca de recursos para o caixa”, afirma o secretário Geraldo Almeida.
Mão de obra
Num cenário de escassez de mão de obra, a Prefeitura de Itabirito e a Coca Cola acertaram um programa de formação de pessoal. Só o posto do Sistema Nacional de Emprego (Sine-MG) instalado em Itabirito tem 600 vagas em aberto, à espera de candidatos. Além da fábrica de refrigerantes, empresas como a Vale precisam de trabalhadores e têm dificuldade de encontrar pessoal qualificado, o que reforça as iniciativas de treinamento em várias áreas. Haverá demanda de empregos também em duas dezenas de micro e pequenas empresas prestadoras de serviços de mineração, mecânica e reciclagem que anunciaram a intenção de se instalar no distrito industrial Marzagão, criado recentemente em Itabirito. Os projetos somam R$ 12 milhões até 2012.