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Estado de Minas

Economia com unificação das máquinas de cartão não vira desconto


postado em 01/07/2011 06:00 / atualizado em 01/07/2011 09:24

A unificação dos terminais para vendas via cartões de crédito completa um ano nesta sexta-feira. Desde 1º de julho do ano passado, o fim da exclusividade das operadoras, que aceitavam apenas uma bandeira por máquina, reduziu o custo dos empresários de Belo Horizonte com a chamada moeda de plástico, mas a economia praticamente não alcançou o bolso dos consumidores. É o que mostra pesquisa divulgada nessa quinta-feira pela Câmara de Dirigentes Lojistas da capital (CDL-BH). Enquanto 64,29% dos entrevistados confirmaram a redução no custo, apenas 4,92% dos comerciantes ouvidos pela entidade usaram a economia para conceder descontos aos clientes.

O percentual de 4,92% chama ainda mais atenção quando comparado com o número de empresários que passaram a trabalhar com apenas uma operadora: 75,86%. A maioria dos comerciantes optou por usar o dinheiro antes destinado à locação das máquinas devolvidas para expandir o lucro: 18,03% vão aplicar a diferença no aumento do estoque, 13,41% em campanhas de divulgação e marketing e 8% no capital de giro. Outros 38,75% ainda não sabem o que vão fazer com a diferença e somente 1,64% decidiu priorizar a capacitação de empregados.

O fim da exclusividade das máquinas foi uma antiga demanda dos empresários brasileiros e entrou em vigor por meio de um termo de compromisso entre o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e as operadoras. Para ter ideia dessa luta dos comerciantes, o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior, durante entrevista à imprensa em 2010, comparou a nova realidade do setor à Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, em 1888, para abolir a escravidão no Brasil.

Alforria

A unificação dos terminais foi comemorada em massa pelos lojistas da capital, pois a moeda de plástico paga mais de 60% das vendas fechadas por 65,5% do setor. Outra estatística que mostra a comemoração dos comerciantes é o número de entrevistados que passaram a trabalhar com apenas uma operadora: 75,86%. De acordo com a entidade, 47,31% deles optaram pela Visa, 32,25% pela Mastecard/Credicard, 15,06% pela Redecard, 3,22% pela American Express e 1,08% pela Hipercard. Este último percentual também coube à Santander Getnet.

Cada máquina devolvida gerou uma economia mensal, média, de R$ 110. Na loja Jeans Malha, que funciona na Savassi, Região Centro-Sul da capital, a economia foi maior, pois, segundo o gerente, Luiz Pantoja, dois aparelhos foram devolvidos. “A economia foi revertida no aumento de estoque e em desconto para os clientes”, afirmou. Mas poucos consumidores perceberam a redução. “Os preços só disparam”, reclamou o servidor público Osvaldo Canella Júnior.

Já o vice-presidente de Relações Institucionais da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva, avalia que o baixo percentual de filiados que usou a economia para conceder desconto aos consumidores é explicado pelo porte da maioria dos comerciantes da capital, “micro e pequenas empresários”. O executivo acrescenta que os custos com outras despesas, como aluguel, pagamento de impostos e treinamento de funcionários, também consomem parte do faturamento das empresas. Para ele, o próximo passo é reduzir a taxa cobrada pelas operadoras nas vendas, que atualmente chegam a 5%.


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