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Estado de Minas

Juiz de Fora volta a atrair investimentos


postado em 10/07/2011 07:09 / atualizado em 10/07/2011 13:13

Construções em aço dão novos ares ao distrito industrial de Juiz de Fora, polo da Zona da Mata, região marcada na última década pela perda de dinamismo e de prestígio da economia local, no sentido inverso ao caminho que traçaram algumas das áreas mais industrializadas de Minas Gerais, a exemplo da Grande Belo Horizonte. A Manchester mineira, como Juiz de Fora ficou conhecida, e sem falsa modéstia, ante a semelhança com a cidade inglesa que foi o berço da revolução industrial no século 18, volta a atrair investimentos da iniciativa privada. É o primeiro sinal aparente de uma recuperação. Boa parte desses recursos consiste em projetos da indústria metal-mecânica, que se destacam num bolo de R$ 1,4 bilhão em empreendimentos prometidos para o município até o fim do ano que vem.

Motivos não faltam para o esforço que envolve empresários, a prefeitura e a Universidade Federal de Juiz de Fora para estimular a retomada da economia na região. A Zona da Mata encolheu, ao perder participação no bolo da produção mineira de bens e serviços, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), de 8,9% em 1999 para 7,8% em 2008, conforme levantamento mais recente da Fundação João Pinheiro (FJP). Outras regiões também recuaram, a exemplo do Sul mineiro, mas para a Zona da Mata ficou clara a distância menor em relação às áreas mais carentes de Minas, o Vale do Rio Doce e o Norte, que pouco se alteraram no ranking de participação no PIB, respondendo por 6,4% e 4,2%, respectivamente.

O crescimento de Juiz de Fora e das cidades do entorno de 32%, em média, no período de 10 anos ficou muito aquém da taxa média de expansão do estado, de 53,4%. No último ano, outra má notícia acendeu o alerta: as exportações da Zona da Mata diminuíram 70%, reservando à região um naco de parcos 3,2% do comércio de Minas com o exterior. O retorno de investimentos importantes anunciados por empresas como a Codeme Engenharia, Brafer e Açotel já é reflexo de uma virada, que conta com o regime especial tributário adotado pelo governo estadual em 2009, na avaliação do industrial Francisco Campolina, dono da Malharia Saturno e presidente da regional da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

O decreto assinado pelo ex-governador Aécio Neves reduziu o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para 2% sobre uma série de produtos, concedeu facilidades no cumprimento de obrigações tributárias e deu prazos especiais para pagamento do tributo, como resposta aos incentivos fiscais concedidos em 2005 pela então governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus. A guerra fiscal, declarada ilegal neste ano pelo Supremo Tribunal Federal, levou uma centena de empresas para o Rio, lembra Francisco Campolina.

Segundo estudo da Agenda Regional de Desenvolvimento de Juiz de Fora, entre 2008 e 2009, 1.263 postos de trabalho e R$ 331 milhões escaparam de Minas Gerais, somados o potencial da produção e a arrecadação de ICMS que o estado deixou de recolher. De acordo com o estudo, a cada R$ 1 milhão de investimentos que se transferem de Minas para o Rio, o estado deixa de gerar R$ 1,5 milhão em produção e de criar 27,3 postos de trabalho por ano.

Arrancada A reação do lado mineiro agora tem novo endereço, deixando para trás a tradição derrubada da indústria têxtil, que já foi o carro-chefe da economia local. “Demos um primeiro passo, mas precisamos de políticas diferenciadas, adequadas para a realidade de cada região de Minas”, afirma Francisco Campolina. A indústria pujante dos anos 80, formada por grandes fábricas de tecidos como a Ferreira Guimarães e a São Vicente, com cerca de 2 mil empregados cada, sucumbiu. O setor, hoje, se caracteriza pelas pequenas e médias empresas.

Elas têm fôlego na manutenção de empregos, mas não conseguem multiplicar renda suficiente para movimentar a economia da Zona da Mata, na visão de Campolina. Cada caminhão que a fábrica da Mercedes-Benz passará a produzir avaliado em R$ 650 mil representa três meses de faturamento de uma pequena confecção. “A recuperação da economia da região passa pelos investimentos das médias e grandes empresas de segmentos de alto valor, como o metal-mecânico e o automotivo”, afirma.

Além dos R$ 187 milhões que serão desembolsados para a produção de estruturas metálicas pela Codeme, Brafer e Açotel, a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico de Juiz de Fora registra projetos em implantação da Almaviva, empresa de telemarketing e informática; Agplast, indústria de embalagens plásticas, Mercedes-Benz, Votorantim Metais e ArcelorMittal, totalizando R$ 1,052 bilhão.

Memória

Manchester mineira


A proximidade com o Rio de Janeiro e a riqueza gerada nas grandes fazendas de café no fim do século 19 deram condições para Juiz de Fora se tornar o mais importante centro industrial de Minas Gerais entre 1850 e 1930. Iniciativas pioneiras, como a construção da Estrada União e Indústria, via pavimentada ligando a cidade ao Rio de Janeiro, em 1861, e a instalação da primeira hidrelétrica da América Latina, a Usina de Marmelos (foto), em 1888, deram as condições para o desenvolvimento industrial de Juiz de Fora nas primeiras décadas do século 20. O acelerado processo de industrialização levou a cidade-pólo da Zona da Mata a contar 136 empreendimentos industriais em 1907 e a ser conhecida como a “Manchester mineira”,
numa alusão ao berço da revolução industrial na Inglaterra, em meados do século 18. Com o tempo, a usina virou museu e a economia de Juiz de Fora perdeu força.


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